A assunção do poder, num momento em que todas as
projecções concorrem em desfavor dos indicadores económicos e sociais de Angola,
se revela um grande desafio, para o qual será necessária inteligência
emocional na tomada de decisões.
Qualquer desafio político, económico e social a
ser engendrado nos próximos tempos, implicará, não só o reconhecimento das limitações
de recursos técnicos e financeiros, mas também, uma compreensão da probabilidade
de existência de tensões políticas e sociais que podem advir das referidas
limitações.
Assim, antes que a aprovação e a execução do OGE
2017 aconteça, antes que decisões inerentes a desconcentração poder e
consequentes disponibilizações financeiras surjam, será importante o Presidente
auto-desafiar-se em trazer soluções reais e imediatas a problemas candentes que
existam e prejudicam fortemente a condição de eficiência governativa.
Sem querer “ensinar a missa ao padre”, nas
vestes de “presidente por um dia”, um conjunto de decisões deveriam ser
tomadas, sem as quais, o sucesso de qualquer modelo de governação, por mais
eficiente que pareça, acabará por ruir.
Nestes termos são decisões prioritárias:
Primeira: “A actualização
dos números estatísticos do país” – nos últimos anos quase todas as
estatísticas inerentes aos dados sociodemográficos e aos indicadores
socioeconómicos foram, visivelmente, adaptadas ao cenário político vigente. Com
isso, uma boa parte das políticas sociais e económicas falharam.
Se queremos tomar decisões com o mínimo de risco
possível, será salutar que partamos do pressuposto
de uma boa análise e avaliação da situação actual, por via de um diagnóstico suportado
por dados estatístico fiáveis;
Segunda: “Uma auditoria
imediata a dívida pública” - As denúncias dos últimos tempos têm estado a
demostrar uma série de desvios/vícios ocorridos durante a gestão prática dos
processos de contratação pública.
Preços fortemente especulados, supostas
falsificações e inexistência de uma série de bens e serviços facturados mas não
realizados, e outros comportamentos que contribuíram para o completo
desperdício do erário público e feriram a ética da Administração Pública.
Uma auditoria da dívida pública permitiria ao
Estado Angolano:
·
Melhor percepção sobre o modus operandi da execução orçamental dos
últimos anos;
·
Avaliar os resultados operacionais
da gestão do Programa de investimento público; e,
·
Proceder uma verificação dos
resultados alcançados, quanto aos aspectos de eficácia, eficiência e
efectividade na gestão orçamental e financeira das unidades orçamentais.
Terceira: “Uma re-avaliação
da função pública” – o fenómeno do “funcionário fantasma” é tão antigo e já
criou raízes. Cada vez mais cresce o número denúncias públicas sobre as irregularidades
na administração das folhas de salários nos mais variados sectores públicos.
Apesar do alto custo salarial com os quase 361
mil funcionários públicos, tal valor, agrega pouca qualidade no consumo dos
beneficiários, já que estudos apontam que mais de 60% dos mesmos, tem salários
precários, pois, estão integrados nas carreiras técnica média e não técnica.
Assim sendo, a prioridade recairia para os
sectores da educação, saúde e justiça, porque, segundo o “Estudo Sobre
População e Administração Pública 2016”, representam perto de 65% do total de
funcionários e agentes administrativos. Mas também, uma atenção especial recairia
para o sector militar e paramilitar;
Quarta: “Acabar com os
regimes salariais especiais” – estes representam claramente um factor de
injustiça social. O argumento de que tem que haver sectores privilegiados do
ponto de vista de regalias é o principal causador da instabilidade no sector
público e está falido.
A situação se agrava quando notamos que os
“salários especiais” não despoletaram o estímulo a qualidade dos serviços, nem
inibiram a corrupção e a dupla efectividade.
Quinta: “Criar uma força
tarefa para em 45 dias rever os critérios salariais e toda uma estrutura de
benefícios que suporta a função pública e propor o reajuste do salário mínimo
nacional”.
Entendemos ser, a criação de condições e
melhoria do ambiente de trabalho um dos pressupostos para a qualidade da
prestação de serviço da administração pública e consequente aumento da
eficiência governativa.
Sexta: “A promoção de
encontros sectoriais produtivos direccionados”
- Actualmente, as abordagens sobre
Agricultura, Indústria e comércio estão viciadas, pelo que estão distantes do
“país real”. É preciso corrigir com urgência.
Grupos de interesse formados por “supostos
Empresários com cargos públicos”, têm influenciado negativamente nos processos
de tomada de decisão em seu favor, gerando barreiras a entrada para novos
investimentos e violando a sã concorrência e a livre iniciativa;
Sétima: “Mandar parar os projectos
de requalificação urbana na província de Luanda e ordenar uma pesquisa de
mercado para aliar a requalificação urbana a distribuição espacial da população,
aliada ao reordenamento territorial”.
É preciso transportar os projectos habitacionais
para os municípios como forma de se criar condições para a fixação de
residência dos técnicos que voluntariamente desejarem trabalhar na periferia.
É preciso deixar de fazer de Luanda o centro das
atenções e, como tal, condicionar o “desenvolvimento de Luanda, pelo desenvolvimento
do Luena - Moxico”.
Oitava: “Engendrar uma diplomacia económica para
fazer do Uige, Malange, Huambo, Benguela e Huila, os principais destinos estratégicos
do Investimento Directo Estrangeiro nos próximos 5 Anos”.
Estudos de viabilidades prévios podem ser
elaborados para serem divulgados no mercado internacional, como forma de
direccionar o desenvolvimento para os referidos pontos geográficos que podem
servir de polos motrizes para a promoção da distribuição espacial da população,
redução das assimetrias, da pobreza e êxodo rural, máxime, promoção do
desenvolvimento equilibrado.
Nona: “Reposição imediata da legalidade do funcionamento
autônomo das estruturas de tomada de decisão das Universidades Públicas e, numa
fase posterior, criar uma linha de bolsa de estudos exclusiva para áreas
técnicas/engenharias”.
Nestes termos é imperioso que as mesmas sejam
dotadas de autonomia orçamental, que as suas reitorias sejam eleitas e que a autônima
contratual, a eliminação todas as barreiras diplomáticas que causem
constrangimentos na busca e formulação de parcerias estratégicas e na
transferência do conhecimento para as comunidades específicas, sejam um facto;
Décima e última: “Impor a AGT a criação de um
pacote fiscal atractivo para empresas que assumem o risco da contratação de
Jovens a procura do primeiro emprego e que se disponibilizam para a realização
de estágios curriculares obrigatórios”.
É urgente o desenvolvimento de plataformas de
ocupação dos Jovens, por causa da sua predisposição para acções socialmente
negativas, quando desocupados. Por outro lado a melhoria dos índices de
empregabilidade dos jovens é condição para o desenvolvimento equilibrado.
Impõe-se que assim seja... Arrisquemo-nos a
progredir... O País merece e Nós agradecemos!
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