Com a realização das eleições de 2017 o país vai
consolidando o Estado Democrático de Direito e incorpora, na sua dinâmica, todo
um debate profundo a sua volta sobre a pertinência de se começar a construir um
país novo.
Entre o pessimismo de uns e optimismo de outros, os primeiros cem dias, representam, por um lado, um novo paradigma
nas relações governantes e governados, com um certo alento de esperança, por
outro, mantêm, até certo ponto, a chamada renovação na continuidade.
Observou-se
uma forte tendência afirmativa do novo Presidente, não obstante alguma
contestação, essencialmente pela recondução de figuras já desgastadas do
anterior governo, numa pura “dança das cadeiras”, o que tem servido de
fundamento para desalento dos mais cépticos.
No contexto
de uma realidade em que os principais indicadores políticos, económicos e
sociais são negativos, o sentimento de incerteza apossou-se dos cidadão, dos
investidores e de todos os agentes económicos, pelo que, o comprometimento de
João Lourenço com a governação assume-se um desafio “sem limites”.
Assim,
parece-nos que, se por um lado o Presidente tem a graça de terminar os seus
primeiros 100 dias de governação com uma das maiores taxas de aceitação popular,
incluindo os seus principais opositores políticos eleitorais, por outro, a
pressão no sector
social é cada vez mais crescente, com poucas transformações concretas.
O destaque político
recai para a assertividade nos discursos, passando para o cidadão uma mensagem
de esperança, mas também, quebrando tabus nas relações diplomáticas quer com a
oposição política, quer com países da região.
A recepção
em audiência do principal líder político da oposição, a ofensiva diplomática
económica com a África do Sul, o diálogo e concertação com os principais players do sector dos petróleos, são
apenas alguns dos sinais positivos dados, para o começo de um novo modelo de
governação.
A
perspectiva macroeconómica também beneficiou da áurea positiva que tem estado a
pairar sobre o país.
A aprovação
do Plano Intercalar de Medidas de Política e Acção para a melhoria da situação
económica e social do país (Outubro 2017 - Março de 2018), permitiu a abertura
do debate sobre quais factores concorrem para a garantia da estabilidade
económica do país.
Outrossim,
ao optar pelo incentivo de mecanismos eficientes de controlo e luta contra corrupção,
e levando o debate sobre o referido fenómeno no centro mais restrito do Poder, com o fundamental apoio do MPLA, o Presidente
granjeia o reconhecimento do seu compromisso com o desenvolvimento do país.
Ora, os
mercados interno e externo reagiram. Organismos internacionais como a Economist
Intelligence Unit, o FMI e outras agências de rating vão sugerindo que os
objectivos do novo Governo com a consolidação orçamental, o ajustamento monetário
e cambial, poderão criar condições para a mobilização dos investimentos
privados.
A inclusão
da perspectiva de materialização dos processos de desconcentração na proposta
orçamental 2018, destaca-se, pois, remete a "vida a começar nos
municípios" e reflecte uma potencial solução para os grandes problemas
sociais.
Mas como
referimos, não só de glórias se fizeram os 100 dias. Também há pontos frágeis a
destacar. Apesar de se reconhecer alguma ousadia nas exonerações e nomeações,
com destaque para a mudança da estrutura administrativa da Sonangol.
O actual quórum governativo, tem muito da estrutura governativa
passada com todos os vícios que são-lhes atribuídos, o que, em nosso entender,
gera uma forte probabilidade da repetição e multiplicação de erro, podendo agudiza conflitos de interesse e
resvalar em episódios de insubordinação.
Enquanto isso, assiste-se o agravar do sofrimento das
famílias, num claro desespero entre o que se faz e o que se espera, para
satisfação das necessidades imediatas dos cidadãos. Só por isso, a pontualidade
na busca de soluções prioritárias e sustentáveis faz sentido e se revela
urgente.
Até
agora parece-nos certa a ideia de se traduzir uma boa parte das intenções em
acções práticas. Também parece-nos ajustada a quebra de alguns “elos de
influência por via de nomeações e exonerações. Mas impõe-se um cuidado
redobrado para que não se confunda a necessidade de reformas estruturais com o
mero cliché da renovação dos titulares de cargos públicos.
Sejamos optimista e partamos para acções mais positivas...
Só assim as famílias serão felizes e, com isso, o país caminhará para o desenvolvimento
equilibrado.
O país merece e nós agradecemos!
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