Um debate que se
espera ser urgente e inclusivo se prende com a estratégia de uma maior
exploração e maximização económica das infra‒estruturas ferroviárias e
aeroportuárias que suportam o “Corredor do Lobito”.
Qualquer processo
integrado de promoção de um desenvolvimento eficaz, incorpora, na sua génese,
as infra-estruturas de transporte como factores dinamizadores da produção
interna dada a sua capacidade de influência na maximização dos lucros e na
redução dos custos.
No actual contexto
económico, a circulação de pessoas e mercadorias remete-nos a observação do
papel estratégico dos sistemas de transporte na organização do território e na
intensidade e na forma com que viabilizam os processos de promoção da economia
nacional.
As plataformas
logísticas e as infra-estruturas viárias, num momento de afirmação económica e
alargamento da estrutura produtiva, constituem pilares fundamentais para o
grande impulso para o aumento da produção, por representar uma alternativa para
o escoamento da produção nacional.
Na prática, o
processo de planeamento, implementação e controlo dos fluxos logísticos, num
contexto de aceleração industrial e consequente produção em escala, exige uma
engenharia administrativa que concorre para a minimização do custo de
transporte.
Nestes termos, quer
O Caminho-de-Ferro de Benguela, quer o Porto Comercial do Lobito e toda a
periferia logística, quando em sintonia e devidamente potenciados, desempenham
um papel importantíssimo no desenvolvimento económico da região em que estão
inseridos.
O centro sul de
Angola é rico em recursos naturais e pode servir de baluarte para o
desenvolvimento de outros sectores económicos. Um olhar profundo sobre as
valências a disposição do Corredor, de uma forma tão intensa, permitiria o
elevar da produção regional e por consequência a redução das assimetrias.
Quando lemos
Liudimila Calunga, no seu trabalho sobre “a importância das infra‒estruturas
ferroviárias como factor dinamizador da produção nacional: o caso particular do
CFB (2006 – 2016)”, chegamos a conclusão que tendo em conta o grande
investimento em curso, outras estratégias deverão ser desenvolvidas para que maiores
e melhores resultados sejam retirados.
Na visão da mesma Autora,
“uma vez operacional, o corredor do Lobito representaria o mote para a
integração regional, a partir da região de Shaba (sul da RDC) e do Copperbelt
(noroeste da Zâmbia), além de proporcionar facilidades de importação de
petróleo por parte da Zâmbia”.
Aquilo que se espera
hoje, feito os investimentos avultados é que o desempenho económico do CFB,
enquanto estrutura central do Corredor do Lobito, represente:
Um factor
impulsionador no estabelecimento do eixo logístico integrado na região que
proporcione uma alternativa de transporte a baixo custo, quer para as
exportações, quer para as importações dos países encravados da África Central e
Austral.
O estímulo para o
surgimento de um sector de distribuição que potencie e dinamize a Zona
Comercial do Lobito, uma condição sem a qual o Porto Comercial do Lobito terá
dificuldades de auto sustentabilidade.
Um maior
aproveitamento dos recursos produtivos locais das 4 províncias pelo qual passa,
em contribuição para o desenvolvimento Local e Regional o que tende a favorecer
as populações do interior do país e reduzir o êxodo rural.
Angola tem em suas
mão um potencial económico que pode servir de base para o impulso da sua
economia, desde que um conjunto de investimentos sejam direccionados para o
desenvolvimento da Agricultura e uma gama variada de Indústrias.
Apesar da quase
inexistência de um mercado interno forte, o Governo angolano pode gerar
estímulos fiscais e não só que maximizem a produtividade nacional por via de
uma maior exploração dos vizinhos RDC e Zâmbia.
É preciso gerar-se
linhas de investimento voltadas para servir as necessidades dos países internos
da região por meio de uma onda de novos investimentos em diferentes ramos de
produção e, desta forma, garantir a lucratividade dos investimentos aplicados
no Corredor do Lobito.
Liudimila Calunga
faz-nos pensar exatamente isso, dada as vantagens económicas da combinação dos
diferentes modais de transporte instalados no Corredor, o que concorre para a
minimização do custo de transporte, é crível que há meio caminho andado para o
alargamento da capacidade produtiva nacional.
Nestes termos, por
que não, por exemplo, fazer com que pelo menos 25% do manganês que passa pelo
nosso país seja capaz de alimentar uma indústria metalúrgica que suporte o
mercado da construção civil.
O manganês que vem
da Zâmbia e da RDC, tem muitas aplicações metálicas e não-metálica e pode
alimentar um grande segmento industrial.
Dentre uma variedade
de usos, o manganês é um componente-chave em diversos produtos, tais como:
baterias, agricultura (fertilizantes, fungicidas, rações), agente de secagem de
pintura, agentes oxidantes para corantes, aromatizantes e agentes de vedação,
aplicações no meio ambiente (tratamento de água, controlo da poluição do ar,
aditivos de combustão), inclusive na hidrometalurgia (urânio e zinco), entre
outros.
Tradicionalmente, a
eficiência do processo produtivo é avaliada através de rácios de produtividade
dos factores. Assim, constitui-se num objectivo estratégico a necessidade de se
aproveitar criteriosamente os recursos económicos disponíveis no CFB.
Desta feita, a
avaliação do problema da excessiva dependência do petróleo está identificada há
muito, mas pouco se fez para o contrariar. O Corredor do Lobito é claramente
uma mola impulsionadora para melhorarmos o desempenho da nossa economia por via
do estabelecimento de uma cadeia produtiva ao longo do Corredor do Lobito.
Nestes termos, quer
por via da diplomacia económica, quer pela mobilização directa do investimento
estrangeiro, o Governo angolano tem a responsabilidade de melhorar o desempenho
do CFB estimulando a estrutura produtiva a sua volta.
Só
assim o país vencerá as suas adversidades ao mesmo tempo que proporcionará o
bem estar dos seus cidadãos.
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