Começo a ficar com a impressão de que o país está literalmente parado
no tempo e no espaço à espera que os resultados das próximas eleições cheguem.
Pelo andar da carruagem e com a acutilância com que se projectam as vozes, há quase que uma
garantia infalível, da sua realização em Agosto. Espera-se que pela 4ª vez os
Angolanos terão a oportunidade de acrescentar mais um degrau no processo
democrático que se quer lentamente concretizar.
A ser verdade,
parece-nos grave porque, por um lado denotaria ausência de ideias novas, uma
espécie de abandono ou mesmo, uma excessiva ausência de confiança na
possibilidade de continuidade do exercício do poder;
Por outro lado, passaria-se
a mensagem indirecta de que o país vive a sabor puramente eleitoral, onde, toda
a estrutura política se move para as realizações pirotécnicas, o que contrasta,
em última instância, com o pensamento teórica pró-desenvolvimentista que os
planos e programas nacionais comportam.
Certa ou errada a
minha percepção, que se resume em meras constatações, a necessidade que temos
de empreender maior dinâmica para a
mudança radical que se pretende sobre a nossa estrutura social, política e
económica não se compadece com o adiar constante de um conjunto de atitudes
práticas concertadas a serem implementadas com o rigor necessário que se impõe.
Mais do que tudo, não
pudemos nos contentar com pouco, não pudemos cair na letargia de que “há tempo
para tudo”. Não pudemos acomodar-nos na zona de conforto de que o que já foi
feito é suficiente. Porque não é!
A voz do sofrimento
do acesso a água potável, da carência de energia, da ausência de emprego, da
dificuldade do acesso a assistência médica e medicamentosa e de outros sofrimentos
da vida ligado essencialmente ao saneamento básico, clamam como se no deserto
nos encontrássemos.
O nosso orgulho não
nos pode fazer acreditar que de mero capricho se trata... As nossas
necessidades não são eleitoralistas... Não têm nada de bonito, nem tão pouco de
romancismos... Elas não se compadecem, nem para efeitos de fundamentação
opositoras e nem para fundamentações de continuidade de exercício de poder.
As nossas
necessidades são reais, nos constrangem, impedem o nosso progresso, prejudicam
o nosso ser, matam os nossos sonhos e nos impedem de ser gente remetendo-nos a
indigência.
Porém, o nosso
orgulho tem de despertar em nós a necessidade que temos de fazer diferente e de
buscarmos cada vez mais soluções tangíveis, soluções que apesar do risco que
comportam e da necessidade que transportam de se impôr coerência, devem ser
realizadas para o bem da nação.
Não nos esqueçamos
que a responsabilidade do Estado de organizador da economia e da política
nacional e de criador de condições sociais de protecção e de garantias de bem
estar aos cidadãos, não resulta do vazio e nem se fundamenta com exclusividade
no assistencialismo;
Ao Estado angolano
recai esse dever porque ele chamou a si, por via de princípios constitucionais,
a protecção da população, a correcção das falhas de mercado e a defesa do
desenvolvimento do mercado.
A lentidão que
observamos na forma preguiçosa de se buscar soluções imediatas se comparada as crescentes
necessidades do dia a dia das famílias angolanas, traduz-nos a ideia de que
alguma coisa precisa ser feita, pois não é normal que os problemas vão se
repetindo religiosamente todos os anos num autêntico atentado a nossa
inteligência e claramente a nossa capacidade de ser, estar e fazer.
Os angolanos, tal
como os cidadão de outras sociedades, também têm o direito de sonhar e apreciar
o lado bom da vida... Não pudemos ficar com a percepção errada de que basta ser
africano para ser carimbado como “povo sofredor”.
Da mesma maneira, o
nosso Governo, tal como em outras paragens, também tem o dever e
responsabilidade de pensar e de se auto desafiar a garantir que esse sonho e
essa estabilidade social aconteçam.
Estamos num jogo da
vida em que não há mais tempo a perder. O medo de arriscar ou a sustentação do
populismo faz com que se adie a possibilidade de, com altruísmo, construirmos
um país bom para se viver. Precisamos, com dedicação e ousadia, desafiarmo-nos a
progredir...
O país merece e nós
agradecemos!
Sem comentários:
Enviar um comentário