sexta-feira, 31 de março de 2017

LITERALMENTE PARADOS NO TEMPO E NO ESPAÇO...

Começo a ficar com a  impressão de que o país está literalmente parado no tempo e no espaço à espera que os resultados das próximas eleições cheguem. Pelo andar da carruagem e com a acutilância com que  se projectam as vozes, há quase que uma garantia infalível, da sua realização em Agosto. Espera-se que pela 4ª vez os Angolanos terão a oportunidade de acrescentar mais um degrau no processo democrático que se quer lentamente concretizar.
A ser verdade, parece-nos grave porque, por um lado denotaria ausência de ideias novas, uma espécie de abandono ou mesmo, uma excessiva ausência de confiança na possibilidade de continuidade do exercício do poder;
Por outro lado, passaria-se a mensagem indirecta de que o país vive a sabor puramente eleitoral, onde, toda a estrutura política se move para as realizações pirotécnicas, o que contrasta, em última instância, com o pensamento teórica pró-desenvolvimentista que os planos e programas nacionais comportam.
Certa ou errada a minha percepção, que se resume em meras constatações, a necessidade que temos de empreender maior dinâmica  para a mudança radical que se pretende sobre a nossa estrutura social, política e económica não se compadece com o adiar constante de um conjunto de atitudes práticas concertadas a serem implementadas com o rigor necessário  que se impõe.
Mais do que tudo, não pudemos nos contentar com pouco, não pudemos cair na letargia de que “há tempo para tudo”. Não pudemos acomodar-nos na zona de conforto de que o que já foi feito é suficiente. Porque não é!
A voz do sofrimento do acesso a água potável, da carência de energia, da ausência de emprego, da dificuldade do acesso a assistência médica e medicamentosa e de outros sofrimentos da vida ligado essencialmente ao saneamento básico, clamam como se no deserto nos encontrássemos.
O nosso orgulho não nos pode fazer acreditar que de mero capricho se trata... As nossas necessidades não são eleitoralistas... Não têm nada de bonito, nem tão pouco de romancismos... Elas não se compadecem, nem para efeitos de fundamentação opositoras e nem para fundamentações de continuidade de exercício de poder.
As nossas necessidades são reais, nos constrangem, impedem o nosso progresso, prejudicam o nosso ser, matam os nossos sonhos e nos impedem de ser gente remetendo-nos a indigência.
Porém, o nosso orgulho tem de despertar em nós a necessidade que temos de fazer diferente e de buscarmos cada vez mais soluções tangíveis, soluções que apesar do risco que comportam e da necessidade que transportam de se impôr coerência, devem ser realizadas para o bem da nação.
Não nos esqueçamos que a responsabilidade do Estado de organizador da economia e da política nacional e de criador de condições sociais de protecção e de garantias de bem estar aos cidadãos, não resulta do vazio e nem se fundamenta com exclusividade no assistencialismo;
Ao Estado angolano recai esse dever porque ele chamou a si, por via de princípios constitucionais, a protecção da população, a correcção das falhas de mercado e a defesa do desenvolvimento do mercado.
A lentidão que observamos na forma preguiçosa de se buscar soluções imediatas se comparada as crescentes necessidades do dia a dia das famílias angolanas, traduz-nos a ideia de que alguma coisa precisa ser feita, pois não é normal que os problemas vão se repetindo religiosamente todos os anos num autêntico atentado a nossa inteligência e claramente a nossa capacidade de ser, estar e fazer.
Os angolanos, tal como os cidadão de outras sociedades, também têm o direito de sonhar e apreciar o lado bom da vida... Não pudemos ficar com a percepção errada de que basta ser africano para ser carimbado como “povo sofredor”.
Da mesma maneira, o nosso Governo, tal como em outras paragens, também tem o dever e responsabilidade de pensar e de se auto desafiar a garantir que esse sonho e essa estabilidade social aconteçam.
Estamos num jogo da vida em que não há mais tempo a perder. O medo de arriscar ou a sustentação do populismo faz com que se adie a possibilidade de, com altruísmo, construirmos um país bom para se viver. Precisamos, com dedicação e ousadia, desafiarmo-nos a progredir...
O país merece e nós agradecemos! 

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