sexta-feira, 10 de março de 2017

ALGUÉM TEM QUE CHAMAR A SI A MISSÃO DE DESPOLETAR A MUDANÇA…

A natureza ilimitada da planilha das nossas necessidades decorrentes do nosso dia a dia, impõem a urgência de se despoletar os diferentes mecanismos para a mudança de paradigma. Bastará olharmos com veemência para a nossa realidade social e tentamos perceber as diferentes razões do nosso “subdesenvolvimento”, para entendermos que enquanto os discursos de acusação e defesa vão sendo feitos, o sofrimento dos humildes vai aumentando, ao mesmo tempo que vai se agravando a condição de uma grande maioria dos angolanos.
Só por isso, impõem-se um outro tipo de sensibilidade, uma outra abordagem dialéctica que transpire novas ideias simbióticas, novos sonhos, novos desafios e, quiçá, a formatação de um tipo de sistema político, económico e social, com mecanismos funcionais onde o país valia muito mais do que qualquer um de nós com os seus poderes, com as suas habilidades, com os seus egos exacerbados.
Aparenta ser um discurso cheio de romancismos mas o desespero na ânsia pelo melhor é tanto que não cabe nas SIC’s da vida... já não há discurso que o nos convença a pensar diferente, se não aquele que traga como alento a solução dos nossos problemas.
A pergunta é: quem vai despoletar a mudança? A quem recai a responsabilidade de despertar o desenvolvimento?
Para muitos pode ser fácil responder essa questão. Bastará cair na zona de conforto de que o principal vector para o desenvolvimento consiste na mudança de atitudes do poder político, afinal é a ele a quem recai o principal papel de “promover o desenvolvimento sustentado e harmonioso do País, assegurando a justa repartição do rendimento nacional, a preservação do ambiente e a qualidade de vida dos cidadãos”;
Logo, quem assim pensa, em princípio, tem a sua razão... já que seria injusto não atribuir, em primeiro lugar, a responsabilidade ao poder politico actual sobre todas as peripécias da vida dos angolanos no seu dia a dia. E porque, a história económica e social de Angola se confunde claramente com as transformações políticas  que o País foi registando ao longo dos últimos tempos.
Para esta corrente, mudanças nas atitudes do poder politico implica um “virar da página” em relação a um conjunto de acções pouco abonatórias que têm estado a gerar prejuízos sociais de grande proporção... para isso impõe-se mudanças urgentes na forma como os políticos encaram o país hoje.
Por quê não pensar no slogan que até já foi polémico mas que traduz a grande realidade “primeiro o angolano e depois o resto”... ou seja, é preciso antes mesmo de pensar PARTIDO, pensar PAÍS.
Mas é claro que tanto em Angola como no mundo a dentro, a sociologia política admite a necessidade da existência de grupos de pressão organizados para que o exercício do poder político mais do que eficaz, seja acima de tudo eficiente e efectivo. Daí o papel fundamental das associações e ordens profissionais, da sociedade civil organizada e até mesmo das organizações eclesiásticas, essas últimas que em muitos casos são consideradas a reserva moral da sociedade.
Assim sendo, qual seria a razão imaculada para que para a nossa realidade, tais grupos de pressão não assumam o seu verdadeiro papel? Nós até temos exemplos de sucesso. Exemplos de plataformas como o COIEPA, REDE-MULHER, FONGA e outras que no auge das suas capacidades, influenciaram o surgimento de novas atitudes politicas e um grande respeito aos cidadãos.
Não querendo retirar o “cajado” da responsabilidade ao poder politico, mas convenhamos que a máxima de que “cada sociedade tem os governantes que lhes merece”, para esse caso em específico, tem uma razão de ser”. A verdade é que com a desatenção de quem detém o poder, aliada a fraqueza dos grandes grupos de pressão, os mecanismos de protecção da família e garantias do bem-estar se enfraquecem cada vez mais e multiplica-se a pobreza e com isso o desespero.
Ingenuidades a parte, determinada percentagem de culpa também é atribuída as famílias. Na verdade, o agente público, o membro da sociedade civil, o pastor, o padre ou qualquer um dos agentes para mudança sai do núcleo forte da sociedade que é família. Quando por exemplo um pai vai a escola pedir que o seu filho aprove mesmo sem conhecimento, esse pai não só esta a matar a possibilidade do seu filho com dedicação conquistar o mérito, mas também utiliza as mesmas técnicas dos políticos de que “não importa os meios” quando se quer alcançar fins “normalmente inconfessos”.
Assim sendo, temos que aceitar a tese de que por estarmos em presença de uma boa parte das famílias angolanas desestruturadas, os resultados das suas acções limitam a possibilidades da produção de verdadeiros “generais para o desenvolvimento”.
Então a que dar um “murro sobre a mesa” para dizer um “basta”. A que traduzir os interesses individuais em necessidades colectivas e partir para o progresso e para isso, não pudemos esperar por Agosto. Alguém tem que começar...
Então, respondam-me mais uma vez: “A quem recai a responsabilidade para mudança”? Quem vai assumir o primeiro passo? Quem ousa dizer basta da mediocridade e sim ao desenvolvimento?
Ora, que seja por iniciativa do Poder Político ou de algum Grupo de Pressão, que seja das Famílias ou de qualquer grupo social, o despoletar a mudança tem de ser urgente. Não há mais tempo a perder... o nosso atraso já anda em demasia... As nossas insuficiências já persistem com retroactividade... Então já não há tempo a perder.
Precisamos mudanças urgentes com a nossa educação, precisamos gerar mudanças no seio das famílias angolanas... precisamos acima de tudo fazer valer o nosso ser racional... é chegada a altura de deixarmos de brincar ao país, como que de “gato e rato” se tratasse e isso, passa, acima de tudo, pelo compromisso de que cada um ira cumprir com o seu papel.
Por isso, não bastará apenas, a mudança de atitudes do poder político... vai ser necessária a percepção das nossas fraquezas e constrangimentos, fazendo destes, nossas forças e oportunidades para mudanças.

Eu acredito no meu País... Eu acredito nos meus sonhos... eu acredito na nossa capacidade de saber ser, estar e fazer... Decidamos que o país agradece!  

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