A natureza ilimitada
da planilha das nossas necessidades decorrentes do nosso dia a dia, impõem a urgência
de se despoletar os diferentes mecanismos para a mudança de paradigma. Bastará olharmos
com veemência para a nossa realidade social e tentamos perceber as diferentes
razões do nosso “subdesenvolvimento”, para entendermos que enquanto os
discursos de acusação e defesa vão sendo feitos, o sofrimento dos humildes vai
aumentando, ao mesmo tempo que vai se agravando a condição de uma grande
maioria dos angolanos.
Só por isso,
impõem-se um outro tipo de sensibilidade, uma outra abordagem dialéctica que
transpire novas ideias simbióticas, novos sonhos, novos desafios e, quiçá, a
formatação de um tipo de sistema político, económico e social, com mecanismos
funcionais onde o país valia muito mais do que qualquer um de nós com os seus
poderes, com as suas habilidades, com os seus egos exacerbados.
Aparenta ser um discurso
cheio de romancismos mas o desespero na ânsia pelo melhor é tanto que não cabe
nas SIC’s da vida... já não há discurso que o nos convença a pensar diferente,
se não aquele que traga como alento a solução dos nossos problemas.
A pergunta é: quem
vai despoletar a mudança? A quem recai a responsabilidade de despertar o desenvolvimento?
Para muitos pode ser
fácil responder essa questão. Bastará cair na zona de conforto de que o
principal vector para o desenvolvimento consiste na mudança de atitudes do poder
político, afinal é a ele a quem recai o principal papel de “promover o desenvolvimento sustentado e harmonioso
do País, assegurando a justa repartição do rendimento nacional, a preservação
do ambiente e a qualidade de vida dos cidadãos”;
Logo, quem assim pensa, em princípio, tem a sua razão...
já que seria injusto não atribuir, em primeiro lugar, a responsabilidade ao
poder politico actual sobre todas as peripécias da vida dos angolanos no seu
dia a dia. E porque, a história económica e social de Angola se confunde
claramente com as transformações políticas
que o País foi registando ao longo dos últimos tempos.
Para esta corrente, mudanças nas atitudes do poder
politico implica um “virar da página” em relação a um conjunto de acções pouco
abonatórias que têm estado a gerar prejuízos sociais de grande proporção...
para isso impõe-se mudanças urgentes na forma como os políticos encaram o país
hoje.
Por quê não pensar no slogan que até já foi polémico
mas que traduz a grande realidade “primeiro o angolano e depois o resto”... ou
seja, é preciso antes mesmo de pensar PARTIDO, pensar PAÍS.
Mas é claro que tanto em Angola como no mundo a
dentro, a sociologia política admite a necessidade da existência de grupos de
pressão organizados para que o exercício do poder político mais do que eficaz,
seja acima de tudo eficiente e efectivo. Daí o papel fundamental das
associações e ordens profissionais, da sociedade civil organizada e até mesmo
das organizações eclesiásticas, essas últimas que em muitos casos são
consideradas a reserva moral da sociedade.
Assim sendo, qual seria a razão imaculada para que
para a nossa realidade, tais grupos de pressão não assumam o seu verdadeiro
papel? Nós até temos exemplos de sucesso. Exemplos de plataformas como o
COIEPA, REDE-MULHER, FONGA e outras que no auge das suas capacidades,
influenciaram o surgimento de novas atitudes politicas e um grande respeito aos
cidadãos.
Não querendo retirar o “cajado” da responsabilidade ao
poder politico, mas convenhamos que a máxima de que “cada sociedade tem os
governantes que lhes merece”, para esse caso em específico, tem uma razão de
ser”. A verdade é que com a desatenção de quem detém o poder, aliada a fraqueza
dos grandes grupos de pressão, os mecanismos de protecção da família e
garantias do bem-estar se enfraquecem cada vez mais e multiplica-se a pobreza e
com isso o desespero.
Ingenuidades a parte, determinada percentagem de culpa
também é atribuída as famílias. Na verdade, o agente público, o membro da
sociedade civil, o pastor, o padre ou qualquer um dos agentes para mudança sai
do núcleo forte da sociedade que é família. Quando por exemplo um pai vai a
escola pedir que o seu filho aprove mesmo sem conhecimento, esse pai não só
esta a matar a possibilidade do seu filho com dedicação conquistar o mérito,
mas também utiliza as mesmas técnicas dos políticos de que “não importa os
meios” quando se quer alcançar fins “normalmente inconfessos”.
Assim sendo, temos que aceitar a tese de que por
estarmos em presença de uma boa parte das famílias angolanas desestruturadas,
os resultados das suas acções limitam a possibilidades da produção de
verdadeiros “generais para o desenvolvimento”.
Então a que dar um “murro sobre a mesa” para dizer um “basta”. A que
traduzir os interesses individuais em necessidades colectivas e partir para o
progresso e para isso, não pudemos esperar por Agosto. Alguém tem que
começar...
Então, respondam-me
mais uma vez: “A quem recai a responsabilidade para mudança”? Quem vai assumir
o primeiro passo? Quem ousa dizer basta da mediocridade e sim ao
desenvolvimento?
Ora, que seja por
iniciativa do Poder Político ou de algum Grupo de Pressão, que seja das Famílias
ou de qualquer grupo social, o despoletar a mudança tem de ser urgente. Não há
mais tempo a perder... o nosso atraso já anda em demasia... As nossas
insuficiências já persistem com retroactividade... Então já não há tempo a
perder.
Precisamos mudanças
urgentes com a nossa educação, precisamos gerar mudanças no seio das famílias
angolanas... precisamos acima de tudo fazer valer o nosso ser racional... é
chegada a altura de deixarmos de brincar ao país, como que de “gato e rato” se
tratasse e isso, passa, acima de tudo, pelo compromisso de que cada um ira
cumprir com o seu papel.
Por isso, não bastará
apenas, a mudança de atitudes do poder político... vai ser necessária a
percepção das nossas fraquezas e constrangimentos, fazendo destes, nossas
forças e oportunidades para mudanças.
Eu acredito no meu
País... Eu acredito nos meus sonhos... eu acredito na nossa capacidade de saber
ser, estar e fazer... Decidamos que o país agradece!
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