segunda-feira, 6 de março de 2017

IMAGEM E ECONOMIA: OS DESAFIOS PARA OS PRÓXIMOS TEMPOS

Nos últimos anos, principalmente com a conquista da paz e consequente abertura do mercado nacional, a presença de capital externo, as trocas comerciais com o exterior e o atrevimento da migração do capital público e privado ainda que de forma tímida, para algumas paragens do mercado internacional, faz com que Angola seja alvo de um crivo crítico e detalhado sobre as suas práticas quer no domínio da boa governação, quer no domínio da governação corporativa.
Ainda bem que assim é, porque por via da publicação dos diferentes indicadores políticos, económicos e sociais, percebe-se com facilidade, o quanto andamos em diferentes disciplinas que concorrem para a garantia do bem estar dos cidadãos, para melhoria do ambiente de negócios e para a percepção clara de quem detém o poder sobre os efeitos práticos das suas políticas públicas.
Na generalidade dos indicadores “estamos mal”, isto é, “estamos mal” com a Transparência, com a Boa Governação, com o Ambiente de Negócio, mas também “estamos muito mal” com o acesso ao Saneamento Básico, com o Combate a Pobreza, com as Liberdades e com todos outros indicadores sociodemográficos que concorrem para a estabilidade económica e social de Angola.
A preocupação com a busca de soluções imediatas e urgentes para que se minimizem tais problemas que cada vez mais beliscam a nossa imagem enquanto país, principalmente quando se quer comparar os níveis de riqueza que o País tem e a sua real capacidade de reação, se faz necessário e obrigatório, porque permite a que muitos angolanos tenham uma vida de quase indigente, o que é muito mau, ao mesmo tempo que limita os acessos e compromete a grande necessidade que temos de mobilizar o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) para o alavancar da nossa economia.
Compreender a vantagem de se ter uma imagem interna e externa positiva e a sua relação com a economia real, exige ter presente alguns princípios fundamentais e, quando se fala de fluídez dos processos no mercado, diferentes literaturas apontam normalmente para cinco elementos chaves nesse domínio: tempo, risco, informação, mercado e estabilidade. Dito de outra forma, seja porque afectam os nossos rendimentos, seja porque afectam as nossas transacções financeiras, esses elementos reproduzem uma imagem que tem o seu valor, quando de expectativas económicas se aborda.
Os indicadores internacionais falam por si e a prática demonstra que é necessário reverter o quadro. As exigências não são aleatórias, elas fazem parte de um conjunto de factores que representam o estandarte para o equilíbrio dos mercados e a motivação para o alargamento da capacidade produtiva de qualquer economia.
Numa condição de financiamento do Estado e/ou capitalização do mercado interno, urge a necessidade da busca ou mobilização do IDE. Dada a ocorrência de potenciais variações económicas durante o período de tempo no qual as transacções financeiras (empréstimos ou aquisição de instrumentos financeiros) acontecem os prazos dos empréstimos,  ter uma imagem sobre a realidade do país que transmite segurança e eleva as expectativas dos agentes económicos é fundamental.
Por outro lado, existe por si só um certo grau de incerteza natural nas decisões da generalidade dos investidores, devido ao registo constante de uma multiplicidade de acontecimentos positivos ou negativos que vão ocorrendo por força dos mercados internos ou externos, que podem pôr em causa os seus rendimentos. Para economias instáveis propensas a desequilíbrios políticos, económicos e sociais como é a nossa, esse facto se faz pior.
Para que os investidores se sintam voluntariados a correr tamanhos riscos, é importante que se demonstre por práticas convencionais que:
Em primeiro lugar, os seus direitos a propriedade e livre iniciativa serão preservados e que a intervenção do Estado na economia não vai ferir o “princípio da economia de mercado, na base dos valores da sã concorrência, da moralidade e da ética, previstos e assegurados na Constituição”;
Em segundo lugar, que a existência dos três sectores da economia (público, privado e cooperativo) se traduz na importância da garantia legislativa da livre concorrência para a construção de um ambiente de negócio favorável;
Em terceiro lugar, que  em benefício do desenvolvimento nacional e da justiça social, haverá menos ingerências políticas nos processos, o que significa a necessidade urgente da despartidarização dos processos, eliminação das burocracias e o cumprimento escrupuloso das medidas legalmente instituídas que “restringem, condicionam ou suprime a iniciativa privada” em dada área económica, assegurados os direitos e garantias individuais;
E por último, a redução necessária e urgente da divisão das águas entre os gestores públicos e os agentes económicos. É preciso ter a coragem para acabar com a promiscuidade de que os gestores públicos negoceiam com eles próprios, permitindo o quartar de informações privilegiadas para os agentes de mercado e, com isso, inibir a possibilidade do surgimento de iniciativas privadas, essas que são mais eficientes e produtivas.
Evidentemente nenhum investidor nacional ou estrangeiro estará interessado em se expor, deliberadamente, aos riscos das incertezas que resultam dos erros políticos do momento. A mudança dependerá, acima de tudo, da boa disposição e dos compromissos a adoptar por quem ganhar as eleições.
Não é uma questão de programa político eleitoral e nem uma questão de decretos ou de pacotes legislativos... é uma questão de atitude! O que não carece de estudos, apenas de acções tais como o combate a corrupção, as reformas da administração pública, o distanciamento do Estado do sector produtivo, a diminuição das ingerências no sistema financeiro, a eliminação do conceito “partido Estado” e a consequente valorização das instituições, estes são apenas alguns exemplos da grande batalha que se avizinha.

O País agradece e nós merecemos!

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