Um dos
grandes compromissos da governação manifestado em campanha eleitoral e que se
tornou, num grande desafio é, a proposta da “criação de 500 mil novos postos de
trabalho”, face ao marasmo económico em que vivemos.
O repto
da criação de empregos para nossa realidade, transcende a visão circunscrita a
condição de justiça social e de melhoria do bem-estar social das famílias
angolanas, é também, a condição necessária para o aumento da produtividade e
consequente melhoria do desempenho económico.
Ate a data não temos informação do
“Inquérito de Emprego e Desemprego” proposto pelo INE a ser realizado até 2017,
e observando os números soltos dos resultados do Censo, podemos aferir que Angola
tinha, até 2014, uma população activa de mais de 1,7 milhões de desempregados,
grande parte dos quais jovens entre os 15 e 24 anos;
Por outro
lado, dados do MAPTSS indicam que entre 2013 e o primeiro trimestre de 2017 foram
criados no nosso país, um total de 886.440 empregos, sendo que mais de um terço
no ano de 2014, período em que se sentiu com maior incidência a forte quebra
nas receitas fiscais e nas exportações do petróleo;
O que quer dizer, que
desde 2014 a economia nacional tem estado a criar menos empregos, pois, todos os dias “morrem”
negócios por “incapacidade” de sobrevivência ao marasmo económico em que nos
encontramos.
A
fragilidade das infra-estruturas de apoio a economia, a baixa qualidade dos
recursos humanos e a instabilidade do mercado cambial para efeitos de importação
de matérias-primas e outras dificuldades, têm sido alguns dos principais
constrangimentos.
Quando
avaliado o grau de efectividade dos investimentos públicos em infra-estruturas
económicas, apesar do grande valor financeiro incorporado, não têm propiciado
condições atractivas e estimulantes à rentabilidade dos investimentos privados,
na generalidade, devido à sua baixa qualidade e/ou não funcionamento.
Nestes
termos, qualquer tentativa no combate à “excessiva burocracia, à crueldade da
corrupção e às debilidades do sistema financeiro, apenas resultariam em
factores estimuladores do emprego, se forem acompanhados de uma maior
eficiência e melhor qualidade dos investimentos públicos.
Por outro
lado, se olharmos para o nosso Índice de Produção Industrial e para o colapso a
que está votado o nosso sector agrícola, percebe-se, a olho nu, que a nossa
estrutura produtiva é precária e carece de reformas económicas profundas.
Assim
sendo, uma maior resposta à percepção das expectativas dos agentes económicos
passa por fazer dos sectores da Agricultura, Indústria Extractiva, Indústria
Transformadora, Construção, Comércio, Comunicação, Turismo e Transportes,
principais vectores na estratégia sustentável do crescimento do valor agregado
nacional;
O que
para além da massificação na geração do emprego, constituir-se-iam na força
motriz para o alcance dos objectivos de desenvolvimento apregoados pelo PND
2018-2022.
A pressão
sobre a criação de novos postos de emprego impõe que se traga ao debate actual,
a necessidade de se promover a disciplina e segurança laboral, ou seja, a
cultura do trabalho no seio do sector público e privado.
É do
senso comum, que uma das grandes reclamações das organizações nacionais e estrangeiras
que operam no nosso país, é a incapacidade de controlar o nível de ociosidade
dos profissionais contratados e os custos periféricos que daí advêm.
Percebe-se,
com muita facilidade, que se o desemprego é uma realidade, a quantidade de
indivíduos que perde o emprego por mau comportamento ou por má gestão, assente
na busca de regalias, incumprindo a sua real função é também uma realidade.
Alguns
acusam as insuficiências dos processos de educação, outros atribuem culpas a influência
da baixa produtividade do sector público, e há ainda os que atribuem culpa as
insuficiências da lei laboral;
A
verdade é uma, se queremos maximizar a capacidade produtiva do país será
importante que o Estado chame a si, o papel de desenvolver acções
socio-educativas que promovam a cultura da pontualidade, da assiduidade, da
prestação de contas, transparência e honestidade.
Hoje, por
hoje, a grande maioria das empresas perde somas avultadas com a desonestidade
de quase todos os serviços de que depende. A ousadia é tanta, que até do
segurança que tem a função de fiscalizar, surgem os mais caricatos desvios.
Se é
verdade que precisamos ter uma lei laboral mais inclusiva e que oferece
melhores condições de trabalho, também o é que o país precisa despertar para
uma maior cultura do trabalho e da melhoria do desempenho das organizações existentes.
É
importante ressaltar, e são inúmeros os relatórios que o assinalam, que os
níveis de segurança laboral no sector privado são extremamente baixos, não só
pela fragilidade dos contractos, mas também, pelo silêncio e morosidade da
justiça em relação as ilicitudes de despedimentos.
Numa
situação em que a procura por emprego é muito maior do que a disponibilidade de
vagas, todos esses problemas remetem para o poder político, sendo o grande
desafio a melhoria do ambiente de negócios e a coragem política de acelerar reformas
do sector público que directa ou indirectamente influenciam a ineficiência do
sector produtivo.
Apesar da
quase inexistência de um mercado interno forte, Angola tem em suas mãos um
potencial económico que pode servir de base para o impulso da sua economia, e
facilmente conquistar os 500 mil ou mais postos de emprego. Mas é preciso que antes
se maximize a qualidade do capital humano nacional.
O que
quer dizer que, a viabilização de uma maior oferta de trabalho, passa, por
exemplo, pela elevação da qualidade das despesas públicas, numa primeira fase,
mas também na aplicação de reformas com foco na competitividade, que
simplifiquem os sistemas e desonerem os investimentos aumentando os retornos
crescentes em escala nos diferentes sectores.
Por isso,
continuamos a sugerir que se tenha um olhar urgente para a Educação como um
factor de desenvolvimento para o país, o que significa:
-
O alcance da Justiça Social e melhor
distribuição das riquezas nacionais;
-
A melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano;
-
A maior disponibilidade de recursos humanos mais
qualificados e a consequente minimização do custo de contratação Mão-de-obra –
factor muito importante para o ambiente de negócios;
-
A melhor maximização dos recursos disponíveis,
por via da maior facilitação na aplicação de sistemas de produção avançados –
garantia da economia de escala; e
-
O elevar dos níveis de utilização de tecnologias
de ponta nos três sectores da economia: primário, secundário e terciário;
Hoje por
hoje, as pessoas fazem a diferença… importante mesmo é deixarmos de ver o
cidadão angolano única e exclusivamente para fins estatísticos. Ele é, na
verdade um activo económico e representa o centro na catalisação dos recursos
para o desenvolvimento do país.
Apostar no
Emprego, na Disciplina e na Segurança Laboral, pressupõe apostar no estímulo das
expectativas positivas dos cidadãos. Um dos pressupostos para o usufruto da
propriedade privada e incentivo a livre iniciativa.
O País
merece e nós agradecemos!
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