segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Sabedoria, discernimento e humildade em tempo de natal: as ferramentas para o sucesso…

O período das festas natalinas, remete-nos sempre a “refl exões fora da caixa”, justo porque por um lado, o natal anuncia o fi nal de mais uma temporada, em que durante 12 meses fomos remetidos a uma série de planos estratégicos e que devido à mais alta taxa de esforço para obtenção do mínimo, não foram alcançados.
Por outro lado, o natal enuncia o “prenúncio” de um novo ano e a saga de que a todo custo, não importa o pretexto, faremos diferente no ano seguinte. Este ano, as refl exões são maiores. E são maiores ainda quando percebemos cada vez mais que a “espécie humana faliu”.
O conjunto de atitudes negativas que demostram claramente os níveis de degradação dos Princípios Éticos, da Deterioração do Saber Cumprir e do Respeito pelas Normas que norteiam as sociedades, parecem fazerem moda.
A percepção vai mais longe, quando com facilidade nos deparamos com a falta de vergonha em enaltecer o errado em detrimento do certo, quando nos envaidecemos pela devassidão das nossas atitudes carregadas de uma intelectualidade inócua, quando enaltecemos o pessoal em detrimento do que é colectivo.
Hoje, navegando sobre os devaneios da vida, buscando compreender o que realmente se passa com a nossa condição humana, com o mundo e em particular com o mundo político e económico, que se propôs nas últimas décadas a promover modelos estratégicos fiéis, que assentam na acumulação selvagem de capital, remetendo, cada vez mais, o “homos economicus” para um grau de insensibilidade de não retorno, fomos remetidos ao discurso proferido pelo Papa Francisco à Cúria Romana, na véspera do Natal, em 22 de Dezembro de 2014.
Dentre os vários aspectos abordados e os apelos a melhoria constante, bem como o crescimento em comunhão, o mesmo sugeriu que a sabedoria, a santidade (devoção a Deus) e a humildade seriam os pilares básicos para qualquer cumprimento do dever, com a finalidade da realização com sucesso de qualquer missão.
Numa analogia objectiva, o Papa Francisco compara a Cúria ao corpo humano e, fazendo alusão a 15 doenças, relembra a fragilidade do corpo humano, susceptível a doenças e a exposição ao mau funcionamento e a enfermidade.
No presente texto, o nosso interesse se propõe, apesar de já ter se passado algum tempo, a fazer uma reflexão contextual da 15ª doença, por sinal a última, a quem o Papa Francisco chamou de: “a doença do proveito mundano, dos exibicionismos, quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter dividendos humanos ou mais poder” .
E argumenta: “é a doença das pessoas que procuram insaciavelmente multiplicar poderes e, com esta finalidade, são capazes de caluniar, de difamar e de desacreditar os outros, até mesmo nos jornais e nas revistas. Naturalmente, para se exibirem e se demonstrarem mais capazes do que os outros. Também esta doença faz muito mal ao Corpo porque leva as pessoas a justificar o uso de todo o meio, contanto que atinja o seu objectivo, muitas vezes em nome da justiça e da transparência!
E vem-me aqui à mente a lembrança de um sacerdote que chamava os jornalistas para lhes contar – e inventar – coisas privadas e reservadas dos seus confrades e paroquianos. Para ele, a única coisa importante era ver-se nas primeiras páginas, porque assim se sentia “potente e convincente”, causando tanto mal aos outros e à Igreja. Pobrezinho!”
O contexto e a actualização dessa abordagem, obrigam-nos a um despertar de consciência muito profundo, pois, nos fazem gerar uma relação directa entre o que é Supérfluo – um caminho perseguido por muitas mentes ocas e super imediatistas – e o que é Importante – valores que poucos perseguem devido aos custos e a taxa de sacrifícios que comporta.
Também nos permite fazer uma relação entre a nossa fragilidade humana e a necessidade que temos (por consciência e por decisão pessoal) de nos superarmos, suportando, pacientemente e com perseverança, a terapia. Ao observarmos com alguma atenção a forma absurda como se está a “construir uma sociedade que premeia a relação promíscua entre os poderes político e económico, uma sociedade que incentiva os aventureiros do capitalismo sem capital, uma sociedade em que o “chico-espertinho” é o paradigma máximo do sucesso e em que a corrupção é, cada vez mais a língua franca da economia”, as consequências profundas de tudo isso, serão as instabilidades sociais constantes e a promoção do “pobre cada vez mais pobre e do rico cada vez mais rico”.
O pior é que, os devaneios absurdos insistem em ecoar como que de símbolos sonoros se tratasse, que com uma cadência cada vez mais ameaçadora, regida pelos solfejos de uma grande maestro, sem que ninguém consiga o fazer parar: “estamos a criar uma sociedade em que se instala a sensação de que vale tudo. E sobretudo de que a prevaricação compensa.
Estamos, em suma, a construir uma sociedade em completa falência ética. E este é talvez o aspecto mais grave de toda esta história.” Temos que parar. Temos que ser perspicazes porque toda uma geração que corresponde sensívelmente a mais de 51% da população angolana, está a olhar para nós e a ser educada com estes destruidores maus exemplos, onde se considera que a sabedoria, a honestidade, a justiça, a probidade, a rectidão e a competência profissional, são virtudes anacrónicas e absolutamente dispensáveis para alcançar o sucesso.
A busca pela Sabedoria e Humildade, deve ser também o resultado, de uma mudança de paradigma. Precisamos construir uma sociedade diferente onde o mérito tem de ser mais estimulado que o demérito. Onde a arrogância tem de ser substituída pela humildade, onde o discernimento substitua a ignorância pura do perfeccionismo. Arrisquemo-nos a progredir…
O País merece e é Nosso!

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