sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

NA SOCIEDADE DOS RÓTULOS...


Perde-se muito tempo com as classificações das pessoas e presta-se pouca atenção as suas habilidades... Estamos mais preocupados com a Culpa dos outros do que com a nossa pseudoinocência... 
Na sociedade dos rótulos, os “bajuladores” oprimem e são escarnecidos... os “Revus” “são os salvadores dos oprimidos” e não merecem dignidade...
Na sociedade dos rótulos, o populismo justifica os fins e os meios... ele não tem “beira nem eira”... posterga o necessário e o prioritário, enaltece o supérfluo e as vaidades exacerbadas... 
Na sociedade dos rótulos, quem não é por mim é contra mim... a insolência tem mais valor do que a assertividade... o Ter vale mais do que o Ser... 
Oh santa Sociedades dos Rótulos... deixe-nos em paz e permita-se enterrar com as vaidades assanhadas de 2016... Eu e os meus confrades merecemos e agradecemos...!

ENTRE A PUNIÇÃO E O EDUCAR COM EXEMPLOS... REFLEXÕES FORA DA CAIXA...


Um dos grandes dilemas das sociedades modernas hoje, circunscreve-se na grande necessidade de tomada de decisão entre o Punir dos considerados “maus hábitos”, muitos dos quais enquadrados apenas, nas questões de estética e sem muitas implicações no processo de convivência social e na gestão urbana e, a cedência de um espaço de sensibilização pública tomando como referência o Educar com exemplos.
O exemplo mais clássico tem a ver com o processo de descriminalização/legalização do uso de drogas. Diferentes correntes entendem e fundamentam que “com sua implementação, se enfraquece a rede de tráfico e o seu poder de aliciamento de novos usuários, supondo-se ser mais fácil lidar com os danos”; outras correntes defendem e fundamentam que a legalização “levaria ao raciocínio trágico de que todas as leis devem ser banidas para que as pessoas se comportem melhor, respeitando umas às outras” – o que seria extremamente ilusório.
Para o caso específico da nossa realidade, observa-se que a aptidão em Punir em detrimento do Educar com exemplo se faz cada vez mais usual, justo porque punir é mais fácil, exige menos sacrifício em pensar em alternativas e atitudes complementares a uma mente ociosa, enquanto, o Educar com exemplo exige sacrifício, exige abstinência ao erro, exige viver pelos outros e acima de tudo, o assumir da responsabilidade do desenvolvimento de uma estratégia sócio-educativa que poderá influenciar o “infractor” a uma mudança de comportamento.
Por exemplo, ao se pensar erradamente, em elevar o número de efectivos policiais de trânsito, acreditando na ideia mágica de que com o aumento de multas policiais sobre as infracções de trânsito, os automobilistas passariam a se comportar bem, perdemos a oportunidade de reflectir sobre a definição de uma estratégia sócio-educativa que mais do que Punir, Educaria não só o automobilista a ter um comportamento mais racional no trânsito, como também, os peões e todos outros que intervêm na “Segurança Rodoviária” permitindo assim um menor número de mortes, uma maior fluídez no trânsito e o surgimento de um custo de transporte suportável para o aparecimento de uma plataforma logística eficiente e capaz de suportar a economia.
Um outro exemplo se aplica a luta gigantesca do Governo de Luanda para com o comércio informal. A avidez na formação de fiscais casmurros com uma capacidade forte de persuadir, por exemplo, os zungueiros (vendedores de rua) com decisões administrativas ou judiciais que acarretam uma penalização seja ela pecuniária, restritiva de liberdade ou de direito, mais soa a diversão numa fundamentação a fábula do “gato e rato”, do que no verdadeiro interesse de se buscar uma solução eficaz e competente.
Um conjunto de acções que envolvessem a inclusão social do Zungueiro na sua vida familiar, educacional, social, profissional e até cidadã, produziriam mais efeito e menos desperdício, fortaleceria mais as mulheres e jovens envolvidos para um exercício de alguma actividade laboral ou de oficinas pedagógicas, reinserindo-os no contexto da sua comunidade, aumentando, assim, a sua autoestima e despertando outros valores de cidadania, como solidariedade, honestidade, sociabilidade e respeito ao erário público ou se quisermos, ao bem comum. 
No entanto, diferentes estudos que abordam as ciências sociais aplicadas, sugerem que, pequenos gestos podem ajudar mais a mudanças nas pessoas e de comportamentos, ou seja, não apenas insinuam, mas deixam claro que “a medida adequada não é aquela que tem como referencial apenas a gravidade da infracção, mas aquela que leva em conta, sobretudo, as necessidades do indivíduo, o seu perfil e as suas chances de construir um novo projecto de vida”.
Teoricamente, todos nós gozamos dos direitos, das liberdades e das garantias constitucionalmente consagradas e estamos sujeitos aos deveres estabelecidos na Constituição e na lei. Porém, é importante educar os cidadãos para que saibam que, por exemplo, o exercício das suas liberdades e dos seus direitos constitucionalmente previstos, terminam onde começam as liberdades e os direitos dos outros, ou seja, os direitos e liberdades não são absolutos.
Essa consciência vai permitir que os recursos desprendidos para o uso cabal e nefasto da violência para reprimir (nos dois exemplos citados ou noutros), valorizando, cada vez mais, a dimensão punitiva onde a sanção é o elemento mais importante da responsabilização; sejam substituídos por um conjunto de acções práticas, menos populistas e mais pedagógicas, que comportam medidas sócio-educativas que permitem que a sociedade valorize mais a emancipação das boas práticas e consequente reinserção social do indivíduo.
O dever que todos nós temos, enquanto cidadãos, impõe que sejamos exemplos de sucesso para com a família em que estamos inseridos, para com a sociedade, para com o Estado e, em especial, para com as novas e futuras gerações.
As sociedades que mais evoluem e que conseguem sair com facilidade das grandes atribulações sociais, económicas e políticas, são aquelas com modelos educacionais que favorecem a construção cidadã da mente do seu povo.
Quando assim procedermos, as nossas (melhores) leis (do mundo) mais do que punitivas, deverão sempre atingir, não somente o cidadão que comete em si, mas toda a sua dimensão humana, ou seja, deverão incluir a sua vida profissional, familiar e social. E isso é muito para além do indivíduo.
Nos últimos anos, as autoridades angolanas competentes, têm sido persistentes em Punir em vez de de Educar, mais preocupadas com o “Direito” do que com a “Justiça” que salvaguarda os reais interesses dos cidadãos. Temos sido ágeis em rotular e, com estigma e discriminação, excluir os que “não são nossos”, postergando a necessidade que temos de fazermos das nossas fraquezas conquistas… enquanto isso a caravana passa lentamente e o mundo se transmuta para as novas realidades e, as estatísticas vão marcando o tempo de atraso… 50, 100, ou mesmo 150 anos de atraso em relação aos concorrentes mais directos.
A reclamação sobre ausência de exemplos e referências é verdadeira. Mas também é verdadeira a ideia de que ainda é possível… É possível pautar-se fundamentalmente, na adopção pedagógica de mecanismos de inclusão social, que sejam capazes de persuadir o cidadão angolano com valores, ampliando os seus horizontes e a sua condição de sonhar, que é capaz de ser um cidadão respeitado e, capaz de desenvolver todas as suas potencialidades esquecidas diante da vida dura e desumana que o fez esquecer do “ser” e o obrigou a lutar pelo “ter”, ou seja, pela sobrevivência.… Falta-nos apenas atitude.

Que 2017 seja melhor!

Audio - Resenha Política da Semana: Economista Josué Chilundulo conversou com o jornalista Anastácio Sasembele

Audio - Resenha Política da Semana: Economista Josué Chilundulo conversou com o jornalista Anastácio Sasembele

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Sabedoria, discernimento e humildade em tempo de natal: as ferramentas para o sucesso…

O período das festas natalinas, remete-nos sempre a “refl exões fora da caixa”, justo porque por um lado, o natal anuncia o fi nal de mais uma temporada, em que durante 12 meses fomos remetidos a uma série de planos estratégicos e que devido à mais alta taxa de esforço para obtenção do mínimo, não foram alcançados.
Por outro lado, o natal enuncia o “prenúncio” de um novo ano e a saga de que a todo custo, não importa o pretexto, faremos diferente no ano seguinte. Este ano, as refl exões são maiores. E são maiores ainda quando percebemos cada vez mais que a “espécie humana faliu”.
O conjunto de atitudes negativas que demostram claramente os níveis de degradação dos Princípios Éticos, da Deterioração do Saber Cumprir e do Respeito pelas Normas que norteiam as sociedades, parecem fazerem moda.
A percepção vai mais longe, quando com facilidade nos deparamos com a falta de vergonha em enaltecer o errado em detrimento do certo, quando nos envaidecemos pela devassidão das nossas atitudes carregadas de uma intelectualidade inócua, quando enaltecemos o pessoal em detrimento do que é colectivo.
Hoje, navegando sobre os devaneios da vida, buscando compreender o que realmente se passa com a nossa condição humana, com o mundo e em particular com o mundo político e económico, que se propôs nas últimas décadas a promover modelos estratégicos fiéis, que assentam na acumulação selvagem de capital, remetendo, cada vez mais, o “homos economicus” para um grau de insensibilidade de não retorno, fomos remetidos ao discurso proferido pelo Papa Francisco à Cúria Romana, na véspera do Natal, em 22 de Dezembro de 2014.
Dentre os vários aspectos abordados e os apelos a melhoria constante, bem como o crescimento em comunhão, o mesmo sugeriu que a sabedoria, a santidade (devoção a Deus) e a humildade seriam os pilares básicos para qualquer cumprimento do dever, com a finalidade da realização com sucesso de qualquer missão.
Numa analogia objectiva, o Papa Francisco compara a Cúria ao corpo humano e, fazendo alusão a 15 doenças, relembra a fragilidade do corpo humano, susceptível a doenças e a exposição ao mau funcionamento e a enfermidade.
No presente texto, o nosso interesse se propõe, apesar de já ter se passado algum tempo, a fazer uma reflexão contextual da 15ª doença, por sinal a última, a quem o Papa Francisco chamou de: “a doença do proveito mundano, dos exibicionismos, quando o apóstolo transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter dividendos humanos ou mais poder” .
E argumenta: “é a doença das pessoas que procuram insaciavelmente multiplicar poderes e, com esta finalidade, são capazes de caluniar, de difamar e de desacreditar os outros, até mesmo nos jornais e nas revistas. Naturalmente, para se exibirem e se demonstrarem mais capazes do que os outros. Também esta doença faz muito mal ao Corpo porque leva as pessoas a justificar o uso de todo o meio, contanto que atinja o seu objectivo, muitas vezes em nome da justiça e da transparência!
E vem-me aqui à mente a lembrança de um sacerdote que chamava os jornalistas para lhes contar – e inventar – coisas privadas e reservadas dos seus confrades e paroquianos. Para ele, a única coisa importante era ver-se nas primeiras páginas, porque assim se sentia “potente e convincente”, causando tanto mal aos outros e à Igreja. Pobrezinho!”
O contexto e a actualização dessa abordagem, obrigam-nos a um despertar de consciência muito profundo, pois, nos fazem gerar uma relação directa entre o que é Supérfluo – um caminho perseguido por muitas mentes ocas e super imediatistas – e o que é Importante – valores que poucos perseguem devido aos custos e a taxa de sacrifícios que comporta.
Também nos permite fazer uma relação entre a nossa fragilidade humana e a necessidade que temos (por consciência e por decisão pessoal) de nos superarmos, suportando, pacientemente e com perseverança, a terapia. Ao observarmos com alguma atenção a forma absurda como se está a “construir uma sociedade que premeia a relação promíscua entre os poderes político e económico, uma sociedade que incentiva os aventureiros do capitalismo sem capital, uma sociedade em que o “chico-espertinho” é o paradigma máximo do sucesso e em que a corrupção é, cada vez mais a língua franca da economia”, as consequências profundas de tudo isso, serão as instabilidades sociais constantes e a promoção do “pobre cada vez mais pobre e do rico cada vez mais rico”.
O pior é que, os devaneios absurdos insistem em ecoar como que de símbolos sonoros se tratasse, que com uma cadência cada vez mais ameaçadora, regida pelos solfejos de uma grande maestro, sem que ninguém consiga o fazer parar: “estamos a criar uma sociedade em que se instala a sensação de que vale tudo. E sobretudo de que a prevaricação compensa.
Estamos, em suma, a construir uma sociedade em completa falência ética. E este é talvez o aspecto mais grave de toda esta história.” Temos que parar. Temos que ser perspicazes porque toda uma geração que corresponde sensívelmente a mais de 51% da população angolana, está a olhar para nós e a ser educada com estes destruidores maus exemplos, onde se considera que a sabedoria, a honestidade, a justiça, a probidade, a rectidão e a competência profissional, são virtudes anacrónicas e absolutamente dispensáveis para alcançar o sucesso.
A busca pela Sabedoria e Humildade, deve ser também o resultado, de uma mudança de paradigma. Precisamos construir uma sociedade diferente onde o mérito tem de ser mais estimulado que o demérito. Onde a arrogância tem de ser substituída pela humildade, onde o discernimento substitua a ignorância pura do perfeccionismo. Arrisquemo-nos a progredir…
O País merece e é Nosso!

Audio - Revista de Imprensa: Economista Josué Chilundulo conversou com o jornalista Anastácio Sasembele

Audio - Revista de Imprensa: Economista Josué Chilundulo conversou com o jornalista Anastácio Sasembele

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

POR QUÊ NÃO UM ORÇAMENTO MAIS FISCAL DO QUE POLÍTICO...?

O Orçamento Geral do Estado – OGE – fundamentado pelos princípios constitucionais, constitui o plano financeiro anual ou plurianual consolidado do Estado e é também o instrumento programático aprovado por lei específica, de que se serve a administração do Estado para gerir os recursos públicos, de acordo com os princípios de unidade, universalidade, anualidade e publicidade (Artigo 104º da CRA e Lei n.º 15/10 de 14 de Julho). Este plano devia, pelo menos no que constitucionalmente está previsto, reflectir os objetivos, as metas e as acções contidas nos instrumentos de planeamento nacional.
No caso específico da nossa realidade, os OGE’s deveriam sempre reflectir as premissas de médio prazo do Plano Nacional de Desenvolvimento - PND 2017 e no longo prazo da Estratégia Angola 2025, onde questões como o aumento da qualidade de vida das famílias angolanas têm forte sustentação nos pressupostos básicos necessários ao desenvolvimento: “Preservar a Estabilidade Macroeconómica, Promover uma Política Nacional de População, Promover uma Política Activa de Emprego e Valorizar os Recursos Humanos Nacionais; Aumentar a Produtividade e Transformar, Diversificar e Modernizar a Estrutura Económica do País”.
À partida, apesar da limitação de recursos disponíveis e a constante crescente lista de necessidades, cada uma com o seu grau de prioridade, o processo de elaboração, aprovação e execução do OGE deve sempre tomar em consideração a eficiência na execução das Tarefas Fundamentais do Estado contidas no Art. 21º da CRA. Dentre as várias pode-se destacar, por exemplo, “Efectuar investimentos estratégicos, massivos e permanentes no capital humano, com destaque para o desenvolvimento integral das crianças e dos jovens, bem como na educação, na saúde, na economia primária e secundária e noutros sectores estruturantes para o desenvolvimento auto-sustentável”.
Nos últimos anos, quando analisados com alguma profundidade a nossa forma de fazer Orçamentos do Estado, ficamos com a clara percepção de que, muitas vezes as questões de prioridade, definidas pelos Relatórios de Fundamentação que acompanham as propostas orçamentais são ignoradas em detrimento da função de Estado de assegurar a Segurança do Território Nacional, pondo mesmo em causa, em alguns casos em específico, “a promoção da excelência, da qualidade, da inovação, do empreendedorismo, da eficiência e da modernidade no desempenho dos cidadãos, das instituições e das empresas e serviços, nos diversos aspectos da vida e sectores de actividade” (fonte? Constituição?)
No mundo contemporâneo, as discussões em torno da política fiscal ocupam um lugar de destaque nas diferentes abordagens sobre a política económica, quer para os países desenvolvidos, quer para os países em desenvolvimento. Acontece que o papel da política fiscal, na actualidade, não se restringe às funções da melhor estratégia de distribuição dos recursos disponíveis, é também de redistribuição de renda e é a âncora da estabilidade económica.
A política fiscal assume, na maioria dos países um “importante papel nas reformas estruturais necessárias para a obtenção do crescimento económico a longo prazo, para o aumento da poupança doméstica, para adequação do nível de endividamento interno e para atender as necessidades prioritárias da sociedade em relação às crises latentes nos sistemas de Educação, Saúde e de Previdência Social”.
Quando o Governo, por via das suas acções práticas ajusta os seus níveis de gastos, consequentemente, monitora e influencia ao mesmo tempo a economia do seu país. Nos diversos manuais de Economia, a política fiscal orienta as metas económicas de um país. Assim, a política fiscal deve ser, necessariamente, vista como um instrumento de política económica que administra não apenas as receitas, mas também a despesa. E aí começa o défice de raciocínio equilibrado do poder político em Angola.

Numa situação em que as receitas não têm sido positivas, em que estas pesam fortemente sobre a economia nacional, em que existem distorções económicas no nosso sistema tributário, onde quer os níveis de endividamento, quer os níveis inflacionários agudizam-se constantemente, onde há uma total incapacidade do sector produtivo em compensar as perdas fiscais, próprias do marasmo económico que vivemos; Um aumento das despesas correntes de 7,8% em detrimento da redução de 4,7% nos investimentos públicos, que se constituem prioridade máxima e que podem provocar um efeito multiplicador imediato, é de todo incongruente e um sério obstáculo ao crescimento económico.

O Investimento público, quando devidamente orientado e racionalizado, pode fazer muito para impulsionar o desempenho económico, gerando demanda agregada e alimentando o crescimento da produtividade por meio da melhoria do capital humano.

Investir pouco na Formação técnica e profissional, por exemplo, não permite que aconteça  a contribuição do Capital Humano na criação da riqueza nacional e que ocorra o seu mais alto nível médio de habilidade e conhecimento. Ao contrário, só com tais investimentos, os indivíduos em idade produtiva compreenderão e aplicarão as tecnologias disponíveis.
Faltam esforços consistentes e duradouros para que o gasto público em Angola alcance um padrão de qualidade aceitável. Nos últimos anos, diferentes estudos e relatórios sobre a Economia de Angola, elaborados por agências internas ou internacionais (CEIC, FMI, BM, BAD, etc.), ao analisarem as diferentes estratégias de diversificação fiscal e crescimento económico, foram unânimes ao declarar que ao pretendermos atribuir sustentabilidade nas nossas acções para um melhor atendimento dos objetivos económicos e sociais, torna-se necessário a reestruturação do nosso padrão e qualidade do “Gasto Público”.
Nada há de errado nisso! Quaisquer que sejam os resultados de eventuais reformas fiscais, e consequente estratégia de “diversificação económica”, existirá sempre o risco dos seus efeitos serem minados pela ausência de novos, consistentes e duradouros métodos para melhoria e controlo da qualidade do Gasto Público. Aliás, é do gasto público ineficiente que surgem as grandes distorções, os grandes desperdícios de recursos e emergem inúmeras considerações sobre equidade económica que requerem melhor concepção para os programas de gastos públicos.

O adiar de tal conjunto de atitudes, pondo em causa pressupostos, considerados de progresso em termos de disciplina fiscal, perpetuaria-se no país a vulnerabilidade em relação à qualidade do gasto público. Isso faz com que os intentos da Estratégia e do Plano Nacional de Desenvolvimento estejam ainda longe de serem atingidos.
O equilíbrio fiscal representa a necessidade que o Estado tem de definir linhas de atuação e permitir aos empreendedores desenvolverem-nas, trabalharem e criarem prosperidade. Se isso for possível, teremos o mercado angolano ideal. A verdade é que, e qualquer estudo empírico na área de economia e finanças públicas aconselha, tal situação não será possível se os Investimentos Públicos de Capital e no sector social, continuarem a ser factores de 2º plano ou meramente políticos.

A Criação de um Ambiente Fiscal eficiente que impõe uma reforma fiscal voltada para a garantia da competitividade do mercado e a definição clara dos limites da actuação do sector corporativo do estado. Serão vantagens a serem consideradas, se e somente se, existirem outras garantias económicas que de certa forma impõe o alargamento do capital físico que corresponde a necessidade de uma plataforma funcional de suporte à economia.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

ESPLANADA DO (EGO)CENTRISMO ... REFLEXÕES FORA DA CAIXA...

Nos últimos anos, no mundo inteiro, factos constantes e sem nexos têm marcado a história de vida da humanidade. Guerras sobre o pretexto dos “alegados combates ao terrorismo”, provocam milhares e milhares de mortos, deslocados e submetem as famílias a uma total desestruturação e a mais humilhante condição de vida.
Outrossim, sociedades com aparente “terrorismo não declarados”, mas com modelos de governação completamente confusos e grosseiros nos seus ideais, submetem as suas populações a uma ridícula miséria sem limites, onde a falta de saneamento, a ausência de serviços sociais, a elevada taxa de esforço na aquisição do mínimo e um total desemprego dos factores produtivos disponíveis, nos remetem a reflexões extremamente profundas sobre a “nossa condição humana”.
Por quê? Essa é a grande questão que se coloca!
Como será possível perceber que numa era de grandes avanços tecnológicos, onde as sociedades mais avançadas começam por abandonar os problemas da terra em busca de opções de pesquisas no Planeta Marte e como   é impossível não se encontrar soluções simples e sustentáveis para qualquer problema social, económico, ou mesmo até político; pois,  existem exemplos de sucessos e insucessos em demasia pelo mundo fora, mas conseguimos, com tamanha crueldade e grau de insensibilidade, coberta de elevadas jactâncias, submeter as sociedades a grotesca pobreza?!
Todas essas situações refletem o erigir dos “Egos” de quem detém o poder, muitas vezes adquirido,  e é claro que, a base da manipulação dos sentimentos das suas populações, na sua maioria com baixo índice de escolarização e conhecimento holístico da vida em sociedade e que, por isso, facilmente se deixam enganar.
Quando consultado em diferentes repositórios filosóficos, o termo “Egocentrismo” tem o seu primeiro marco no século XVIII para indicar a “atitudes de quem dá importância tónica a si mesmo ou aos seus próprios juízos, sentimentos ou necessidades e pouco ou nada se preocupa com os outros”.
Immanuel Kant, amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna, sugere que "a partir do dia em que o homem começa a falar em primeira pessoa, ele passa a pôr o seu querido EU na frente de tudo, e o Egoísmo progride incessantemente, sub-reptícia ou abertamente”.
Já o conceito de esplanada (termo muito usado por nós aqui na banda), representa para nós, o lugar ao ar livre com mesas e cadeiras onde se come ou se tomam bebidas, refrigerantes, café, etc., ou mesmo um espaço de convívio, de realização de festas ou outras actividades que envolvem sempre prazer, lazer e diversão.
A combinação da “Esplanada” com o “Egocentrismo”, no nosso contexto, resulta da percepção que cada vez mais absorvemos do dia a dia e que assimila nas nossas histórias, vezes sem conta, chavões como: “somos os melhores do mundo”, “nascido com a quarta classe”, “somos um povo especial”, “construímos e realizamos o maior facto de áfrica”, etc., etc.; representam bem o nosso ser, carregado de uma exaltação excessiva da própria personalidade, fazendo com que nos sintamos o centro das atenções.
Qualquer dicionário de língua portuguesa, define o Egocentrismo enquanto condição ou estado de espírito, ou como o estágio em que o indivíduo não consegue demonstrar empatia, ou seja, não consegue colocar-se no lugar do outro, porque está constantemente ocupado com o seu "eu" e com os seus próprios interesses.
Porém, até ali, tudo bem... Salvo se não fosse o facto de que as nossas vaidades egoístas, que nos levam a pensar com exclusividade em nós, em primeiro lugar, não nos remete a erros graves de abuso de poder, de violação sistemática das normas e princípios a nossa volta, do aproveitamento sistemático do sofrimento dos outros, ou mesmo, não menos importante, do “cabritismo” exacerbado em que a competência e o mérito são substituídas pelo nepotismo, clientelismo e um narcisismo carregado de processos mais ou menos demagógicos e “favoritistas”.
O “egocentrismo”, raiz amarga de todos os males da humanidade, no nosso país é o grande responsável e promotor pela super valorização dos partidos políticos em detrimento do cidadão angolano; dos desvios comportamentais em detrimento das práticas de boa governação; da sub-valorização da assistência social em prejuízo  da garantia de educação, serviços de saúde eficientes e consequente justiça social; de uma administração local activista em contrapartida de um poder local efectivo e consistente; de muitas promessas não cumpridas, etc..
Ou seja, enquanto anunciamos as nossas vaidades e nos preocupamos com o melhor carro, o melhor relógio, a melhor atitude materialista (vivida acima das nossas reais capacidades), as famílias sofrem com águas paradas, bairros cheios de mosquitos e sem mínimo de sobrevivência. Os jovens com mente desocupada e pré-dispostos aos males da vida estão expostos ao aumento dos níveis de consumo de droga, de prostituição, de criminalidade e outros males típicos de sociedades subdesenvolvidas acontecem e se desenvolvem. O que é pior, os nossos egos não nos permitem observar tal situação.
Platão, nos seus diferentes estudos, já demostrou que o "amor desmensurado por si mesmo" é a causa de todas as culpas dos homens. Embora o Egoísmo tenha sido considerado, muitas vezes, uma atitude natural do homem.
A edificação constante de poderes paralelos com estruturas informais determinantes para a desconstrução social, demostram de forma clara os males provocados e as consequências graves que indivíduos egocêntricos, com imaginações férteis, se encontram no pensamento tão permanentemente ocupado com o seu próprio Eu e os seus interesses e, são incapazes de se colocar no lugar de outros e de contemplar, do ponto de vista de outro Eu, a matriz ou aspecto que podem facilitar outras opções e outros acontecimentos.
Importante mesmo é que reflitamos sobre as nossas práticas e passemos a desenvolver atitudes inclusivas. Porque somos imperfeitos, erramos com as pessoas e connosco mesmos, precisamos ser capazes  de entender que os outros indivíduos possuem crenças, opiniões e pensamentos diferentes dos nossos. Abramos as portas para o pensamento crítico, passemos a engrandecer o NÓS em detrimento do EU... O país ganhará com isso, os problemas serão mais facilmente resolvidos e a sociedade estará bem mais disposta para cooperar e fazer desse país um belo espaço para se viver.
Pensar assim é menos egoísta. O erro e imperfeição de muitos é acreditar demais que são os melhores, acreditar que são invencíveis, e assim com esse pensamento mesquinho, acabam provocando maior sofrimento as pessoas. Tudo na vida depende de equilíbrio, concentração e esforço. O pensamento filosófico de Platão sugere que “a boa educação deveria servir como forma de desenvolver o homem moral” e isso é uma grande verdade.
Parece uma forma romântica de pensar, porém, a verdade é uma, ser egocêntrico não ajuda no crescimento económico, político e social. Os cidadãos na sua humildade sabem julgar por mais inoportuno que pareça, fazer observações constantes sobre o dia a dia da sua comunidade, percebem à sua maneira as diferentes soluções possíveis, por isso, blindar as nossas imperfeições e erros graves, abre chances para se perpetuar o mal e em consequência disso agudizam-se os espíritos.
Deixemos de fingir, perante nós e os outros, com medo de ferir as nossas sensibilidades. Deixemos de “vender Egos” em “esplanadas sem clientes” e sejamos capazes de sermos atrevidos ao enfrentarmos a realidade, saiamos da zona de conforto onde o imediatismo, as agendas de curto prazo, o populismo e a falta de ideias que se traduzem em acções práticas são o apanágio e arrisquemo-nos a progredir... O País merece e é Nosso!. 

  PAIDEIA: DO CAOS À SIMPLIFICAÇÃO DO CONHECIMENTO A justificação veio dos principais gestores de alguns bancos da nossa praça, segundo ...