sexta-feira, 16 de março de 2018

SENTIDO INVERSO NA ABORDAGEM SOBRE OGE 2018


Com a aprovação na generalidade do OGE 2018, cumprimento formal necessário para a abertura das discussões detalhadas nas comissões de especialidade, um novo debate abriu-se no seio da sociedade.
Cada um a seu nível e à sua maneira, inspirado nos seus desalentos e compromisso com a pátria, vai questionando, de forma crítica, sobre quais os critérios de identificação e planificação das prioridades.
Temas como “qual a percentagem ideal para o sector social”  “qualidade da despesa pública”, “consolidação orçamental”, “auditoria da dívida pública”, ou ainda, “restruturação da dívida pública”, são colocados por cima da mesa para discussão.
Por um lado, pelo entendimento que se tem da quantidade de recursos desviados nos exercícios orçamentais passados, com repercussões graves para a vida das famílias angolanas;
Por outro lado, pela urgência em remeter-se o país a uma mudança estrutural que de facto, se reflita na melhoria dos indicadores de bem estar das famílias.
Ao analisar com alguma profundidade, os critérios formais de elaboração do Orçamento do Estado dos últimos anos, encontramos evidências que demonstram que existe uma constante priorização  para a Segurança Nacional em detrimento da melhoria social e económica.
Em contrapartida, quando avaliados os efeitos de tal direcionamento estético percentual das rubricas orçamentais, chegamos à conclusão que a pobreza cada vez mais aumenta, remetendo uma grande maioria dos cidadãos a uma vida de quase indigência.
Tal desiderato, permite-nos afirmar que existe um sentido inverso na abordagem do OGE, ou seja, a questão da métrica na distribuição percentual dos recursos no OGE, revela-se num “clichê”, enquanto se mantiver o fosso entre a “despesa orçamentada” e a “despesa efectivamente executada”.
Mais do que a abordagem sobre a perspectiva da distribuição orçamental, o país precisa  de trazer para o debate, a verdadeira capacidade governativa do ponto de vista da execução efectiva do OGE.
Apesar da não aprovação da Conta do Estado, a nossa percepção, por via dos números que são divulgados, revela que os índices de execução andam muito a baixo da média, sendo que não importa o valor cabimentado, se persistirem os desvios orçamentais e a incapacidade dos gestores públicos em materializarem as agendas aprovadas.
À partida, apesar da limitação de recursos disponíveis em paradoxo com a crescente lista de necessidades, cada uma com o seu grau de prioridade, o processo de elaboração, aprovação e execução do OGE deve sempre incluir a solução dos problemas dos cidadãos.
Nestes termos, o OGE deverá sempre trazer como desafio:
-          A sustentável melhoria do bem estar das famílias pela via da melhor distribuição dos recursos disponíveis;
-          A garantia da estabilidade macroeconómica e o estimulo da produção nacional; e
-          Acima de tudo, critérios de Justiça Social e promoção dos Direitos Humanos.
O adiar deste conjunto de atitudes, pondo em causa pressupostos, considerados de progresso em termos de disciplina fiscal, perpetuaria no país a vulnerabilidade social, já que os intentos da Estratégia de Desenvolvimento estariam mais longe de serem atingidos.
O equilíbrio fiscal representa a necessidade que o Estado tem de definir linhas de actuação e permitir aos empreendedores desenvolverem-nas, trabalharem e criarem prosperidade. Se isso for possível, teremos o mercado angolano ideal.
A verdade é que, qualquer estudo empírico na área da economia e finanças públicas aconselha que tal situação não será possível se os Investimentos Públicos no Capital físico e social, continuarem a ser factores de 2º plano..
A criação de um Ambiente Fiscal eficiente, voltado para a garantia da competitividade do mercado e a definição clara dos limites da actuação do sector corporativo do estado, será uma vantagem a ser considerada, se e somente se, existir uma plataforma funcional de suporte à economia nacional.
Ao nosso ver, “a promoção da excelência, da qualidade, da inovação, do empreendedorismo, do aumento da produtividade, da eficiência no desempenho dos cidadãos e das instituições”, pode estar comprometida com a fraca eficiência orçamental.
Que o Perfil do novo Executivo transmita a confiança de que teremos um futuro próximo mais saudável e feliz. Um Executivo orientado para a busca de soluções diversificadas para resolução dos mais variados problemas que nos afligem e que injecte de forma sequencial e paulatina, transformações consideráveis na vida das famílias angolanas.
Desta feita, o País agradece… e nós merecemos!

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