sexta-feira, 17 de novembro de 2017

NO JOGO DA CULPA… E SE EU DECIDISSE PROCESSAR O MEU PAÍS?

Numa reflexão em solilóquio, depois de ter apreciado um flash da rúbrica “há valores” na TV, decidi, por conta e risco, tentar perceber em que momento se deu a falha para que fôssemos todos remetidos ao ponto em que chegamos como sociedade.
Quase que num descaminho total, onde a manipulação, a burla, a desonestidade e todos outros extravios sociais se tornaram regra. Tornou se muito fácil encontrar um “cara de pau”, totalmente sem escrúpulos e, em contrapartida, cada vez mais difícil encontrar gente honesta, disposta a preservar o pudor.
A situação é bastante complexa e envolve, desde o político corrupto, ao médico que não cura, do professor que não ensina, ao pai que prefere a sopa da rua do que prestar alimento aos seus filhos, enfim, do jovem com força e vigor que prefere uma vida fácil ao velho sem moral para exigir do jovem e incentivá-lo para o trabalho.
Várias foram as vezes em que fomos convidados por um funcionário de um estabelecimento comercial a não cumprir as regras estabelecidas para que comprássemos determinado bem ou serviço mais barato das suas mãos, em claro prejuízo aos seus patrões, sem o menor receio de perder o emprego por falência do negócio.
Outras vezes somos remetidos a processos simples e de cumprimento obrigatório, mas que por vaidade do agente público somos obrigados a violar a procedimentos sob pena de atrasarmos a vida e comprometermos a continuidade de nossas ambições.
Se foi por decreto ou não, a verdade é que chegamos a um ponto em que nos questionamos mais uma vez: “Que país é esse que remete o seu povo a tamanha encruzilhada em que o caminho para o “desespero” é mais acessível do que o caminho da “esperança”?
Independente da profundidade da análise que se pode fazer ou da lógica que usamos para justificar às razões desta complexidade, é quase unânime que em algum momento a sociedade falhou, tendo permitido que de forma subtil nos deixássemos encantar com tamanha devassidão.
Hoje por hoje, as consequências estão aí, nos olhos de quem se presta a observar. A corrupção tomou conta das nossas vidas e o conhecimento, o mérito e todo um conjunto de atitudes positivas que realçam o bem-fazer e a justiça do ser, foram substituídos pela bajulação, pela falsidade, pela deslealdade e por todos outros comportamentos desviantes.
Intrigas nos locais de serviço, mediocridade no seio das chefias, banalização da educação social, aproveitamento da sensibilidade de quem sofre, má educação no trânsito e total arrogância de quem tem o poder de decidir, fazem o nosso dia-a-dia.
No processo de formação da minha personalidade, fui educado a pensar que o sucesso estaria condicionado ao maior nível de absorção do conhecimento e ao aprimoramento das minhas habilidades.
“Disseram-me que seria suficiente o conhecimento e a capacidade de discernimento; garantiram-me que se eu fosse honesto e um homem de princípios, eu seria muito mais feliz; deram-me a certeza de que as conquistas dos prémios, por mérito próprio, estariam condicionadas à honestidade, ao compromisso com a ética e ao cumprimento rigoroso do dever.”
Infelizmente o caminho para desgraça tem sido muito mais curto do que o caminho para o sucesso, o que me leva a perguntar: Será que fui enganado? E se eu processasse o meu País???
De certeza que não. Não fui enganado. O sistema é que precisa ser reiniciado com urgência!
O recomeço se faz urgente. Não sei se pela massificação da educação ou por um outro conjunto de acções de coerção e punição do erro.
Sei apenas que temos que começar!
Há responsabilidades políticas sobre o assunto. Há necessidades de quem realiza/exerce o poder, de dar exemplos de probidade pública e de boas práticas que visam uma maior satisfação das necessidades colectivas. Não deixa de ser também importante que a sociedade, no geral, se auto-desafie a mudar.
O actual Executivo Angolano deverá ser chamado a promover e estimular está nova forma de pensar e agir. Um primeiro passo, passa pela valorização da educação, como condição essencial para se levar a bom termo, o processo de mudança de consciência, rumo à reconstrução do País/Nação.
Isto implica um rápido aumento do acesso à educação de qualidade para as crianças, jovens e adultos como uma das condições necessárias para a promoção da paz e da cidadania, por um lado e, por outro, como uma das bases estratégicas para a erradicação da pobreza e o desenvolvimento do país.
A República de Angola precisa, sem demora, de se reconstruir sob novos prismas que garantam a Paz e o desenvolvimento humano sustentável. A educação é, portanto, a chave para o desenvolvimento sustentável e equitativo da sociedade.
Criemos então, na nossa sociedade, um bom ambiente para se viver, cuja concretização passa pela determinação prévia de objectivos concretos, passíveis de serem mensurados e que sejam susceptíveis de estimular e realizar os anseios do indivíduo, que por muito tempo ficou remetido a um estágio rotineiro de pouca criatividade e consequente insatisfação.
Portanto, fica claro que a responsabilidade é do Poder Executivo que tem de criar as condições necessárias para que o acesso à educação de qualidade seja um facto mas é também de cada indivíduo, já que na actualidade, o cidadão deve estar predisposto à mudança e, acima de tudo, buscar atitudes inovadoras para melhor realização dos seus objectivos de vida.

Construamos pois um país novo…, a sociedade agradece!

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