terça-feira, 7 de novembro de 2017

ABORDANDO O PAÍS POR DENTRO...

Com a realização das eleições de 2017 o país deu mais um passo para a consolidação do Estado Democrático de Direito e, com a incorporação e alcance de todo um debate profundo a sua volta sobre a pertinência de se começar a construir um país novo, a esperança do angolano renasceu.
Verdade é que entre o pessimismo de uns e optimismo de outros instala-se um debate profundo e, os limites sobre o que é ético, sobre as possíveis cedências e permissões, ou até sobre a quebra de paradigmas, começa a fazer eco nas hostes dos grandes ciclos de abordagem sobre o país.
No “país real”, grandes grupos de debate partilham ideias, denunciam desvios e especulam factos. Mas também idealizam potenciais soluções que na sua essência demonstram a oportunidade da criação de mecanismos visíveis e transparentes de discussão sobre os nossos reais problemas.
Como sempre disse, o país tem um conjunto de ideias soltas espalhadas em relatórios publicados por diferentes sensibilidades que pensam Angola, ou em artigos de opinião, ou ainda em documentos produzidos como conclusão das diferentes consultorias prestadas ao governo, das quais pouco proveito foi tirado.
O que falta é trazer, sem receios, o debate a liça e um sério compromisso de quem exerce o poder na promoção de debates inclusivos e participativos para a escolha das melhores práticas a serem seguidas.
Precisamos sim, com coragem, instituir um conjunto de pressupostos de sucesso e incluí-los num manual de instruções para os próximos tempos e, destemidos, pensar que as soluções actuais poderão catapultar em benefícios políticos no futuro.
Nossos problemas foram sempre os mesmos, desde a imoralidade pública a falta de comprometimento de quem foi chamado a servir o país. Há de chegar uma altura em que será importante encontrar culpados, mas por enquanto, o objectivo tem de ser a minimização da taxa de sacrifício das famílias para obtenção do mínimo.
Se as mudanças que se pretendem não são fachadas, então tenhamos a coragem de com altruísmo pensarmos com urgência no corte vertical do modelo de contratação pública actual, que para mim sempre foi tão promíscuo ao ponto de ser a principal fonte da corrupção em Angola.
Se queremos mudanças reais e práticas mudemos com qualidade a forma de administrar os principais serviços públicos às populações: a distribuição da Energia, Água, Transporte Público e o Saneamento Básico são alguns exemplos.
Meus senhores, deixemos de compensar gestores públicos que sempre se acharam sábios ao ponto de deixarem de ouvir e permitirem que se degradasse ainda mais o pouco investimento realizado até aqui.
Tenhamos coragem de olhar com alguma profundidade para o modelo de concentração de poderes em que, por exemplo, um hospital num dos municípios do Bié, precisa da autorização da Ministra da Saúde que vive em Luanda, para decidir quando abrir as portas ao público.
Todo mundo justifica suas incompetências mediante crise financeira, ou seja, a falta de dinheiro serve para justificar quase tudo. Mas estes gestores públicos que assim procedem não tiveram comportamento diferente no tempo das “vacas gordas”.
O país não tem recursos para experimentos e não pode ser transformado em cobaia. As necessidades que nos circundam não se compadecem com esperas e adiamentos desnecessários. A pontualidade na busca de soluções prioritárias e sustentáveis faz sentido e se revela urgente.
Até agora parece-nos certa a ideia de se traduzir uma boa parte de intenções em acções práticas. Também parece-nos ajustada a quebra de alguns “elos de influência por via de nomeações e exonerações. Mas precisamos de ter o cuidado para que não se confunda a necessidade de reformas profundas com o mero cliché da renovação dos titulares de cargos públicos.
Por exemplo um erro que já se faz frequente, pelas bandas do ministério das finanças, prende-se com a insistência na ideia de se atrelar a necessidade que se tem da "consolidação orçamental" ou até de outras mudanças necessárias para a promoção da qualidade da despesa pública à baixa do preço do petróleo;
Esse tipo de pronunciamento traduz-nos a percepção de que em caso de uma subida ligeira do preço do petróleo, se vai adiar ainda mais a consolidação e o accionar de outros mecanismos de transparência o que se traduziria num erro grave para o contexto actual.  
Nós precisamos consolidar porque sempre vivemos para além das nossas reais possibilidades. A consolidação orçamental, na sua essência, vai permitir que o governo perceba a quantidade de erros que foi cometendo com a má utilização e excessiva dispersão de recursos nos últimos anos.
Mas, mais do que reajustes orçamentais destinados a reduzir o défice e a dívida pública, seria de extrema relevância e eficácia a definição de mecanismos de controlo que monitorem o resultado das medidas adoptadas e permitam, por via das avaliações realizadas, que se alterem com maior brevidade as estratégias falhadas.
O País precisa definir “mecanismos de alerta rápido” que garantam que um hospital não fique fechado durante 3 anos sem funcionamento, que permitam perceber que o processo de requalificação em Luanda tem sido mal concebido e gera prejuízos sem conta aos cofres do Estado sem garantir resultados satisfatórios.
Só assim o país muda e uma nova Nação se constrói... Sejamos prudentes que o país e os seus cidadão agradecem! 

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