quarta-feira, 16 de agosto de 2017

INOVAÇÃO... UM DESAFIO PARA A PRÓXIMA GOVERNAÇÃO

O binómio Inovação e Governação faz parte do actual clichê, dentro das discussões modernas sobre uma perspectiva da Administração Pública mais dinâmica e adaptada as necessidades dos cidadãos.
Neste sentido, uma crítica que pode ser feita aos actuais modelos, tem o seu fundamento na premissa de que, a precariedade da estrutura social de uma grande maioria dos países pobres, resultam mais de debilidades governativas assentes em pilares tradicionais, do que de uma total ausência de capacidade produtiva de facto dos seus cidadão.
Desde os mais centralizados aos mais liberais, a depender do estágio de desenvolvimento ou dos interesses políticos de quem governa, evidenciam-se, com muita facilidade, a busca constante de protagonismos individuais ou das organizações políticas, em detrimento da promoção de um Estado unitário e progressista.
As razões são várias, muitas das quais estão distante de qualquer pressuposto defensável, não fosse a gritante necessidade com que os governados se debatem.
Pelo sim e pelo não, a luz da nossa realidade, a projecção de um modelo de governação voltado para a garantia da construção de uma sociedade mais justa e capaz de gerar, por via do estabelecimento de conexões, a realização de políticas públicas em serviço de interesses mais colectivistas é o mínimo que se deseja.
Diferente dos resultados eleitorais dos períodos anteriores, a nossa visão sugere que partamos para um país com maior sentido de nação, passível de fazer da participação pública um pilar de sustentabilidade e que minimize os protagonismos individuais.
Para isso, a maturidade política dos cidadãos, observada no grande diferencial de participação pública do processo em si tem que ser correspondida.
Ora vejamos, uma característica prática de sociedades menos avançadas é a constante alimentação do “centro” em detrimento da “periferia”, isto quer dizer, que quanto mais se postergar o sentimento periférico da grande maioria com manipulações emocionais, mais facilmente se vão perpetuando os erros e menos se encontrarão soluções pró-desenvolvimentistas.
Na nossa opinião, por exemplo, se o Estado evitasse construir casas e permitisse que por via da infra-estruturação dos espaços, definição tipológica e a limitação máxima dos preços, aliada a bonificação do custo de importação do matéria de construção com protecção da produção nacional, se aumentasse as expectativas dos investidores, teríamos com isso, uma maior racionalização dos recursos disponíveis.
O mesmo se colocaria com outras iniciativas da tipologia dos “papagros da nossa vida” que mais oneram o custo de manutenção do Estado do que ajudam realmente na mudança de condições de vida da grande maioria dos cidadãos.
A par disso, precisamos perceber que hoje, para bem da promoção de um modelo de governação mais dinâmico e menos caro, prometer ser um grande empregador, ou um salário animador, como solução dos desequilíbrios com o mercado emprego, ou como garantia da melhoria das condições de vida dos cidadãos, não só é um erro de estratégia, como claramente demonstra o peso do factor “eleitoralista” de tais promessas.
Quando se propõe um modelo de governação e se promete assumir, por conta e risco, o aumento das despesas correntes em detrimento da formação bruta de capital fixo, não só se belisca a necessidade real de se melhorar com urgência o ambiente de negocio, como também se transmite a ideia de um Estado cada vez mais assistencialista e controlador das ansiedades dos seus cidadãos;
O resultado mais próximo de uma decisão como essa é, sem sombra de dúvida, a tradução de num futuro mais caro para o cidadão, se entendermos que as receitas públicas provém de uma estrutura tributária condicionada ao rendimento dos cidadãos.
Hoje, não se pede ao Estado acções de “solidariedade”, isto, já faz parte da sua grande missão. Hoje precisamos urgentemente de um modelo de governação participativo, inclusivo que preste um serviço eficiente e efectivo com máximo beneficio e menor custo.
Hoje se pede um Estado que tem na Justiça social uma marca, que tem na garantia das liberdades dos cidadãos um desafio e que tem na preservação da propriedade privada das famílias um factor de desenvolvimento.
Nestes termos, a transformação de um conjunto de atitudes da Administração Pública actual, excessivamente burocrata e permissiva, para um modelo que promova a cultura do serviço de qualidade e a inclusão. Exige-se que sejam criadas “condições novas de interacção entre a tecnologia e as dimensões social, económica e cultural, ou seja, numa palavra, exige-se INOVAÇÃO”.
A Inovação enquanto sistema adaptado a necessidade de governação eficiente, é uma garantia que por efeito multiplicador assegura, em nome da colectividade, a satisfação regular e contínua das necessidades de segurança, cultura e bem-estar dos cidadãos.
É uma necessidade constitucional e o Estado tem a obrigação de o prover.
Desta feita, o País merece… e nós agradecemos!


Analfabetos do Século 21


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

BUROCRACIA E ATENDIMENTO AO PÚBLICO... UM EXERCÍCIO DE PACIÊNCIA

Cada um de nós, neste país, já se sentiu brutalmente prejudicado com o mau atendimento quer para acesso aos serviços públicos, quer para acesso a serviços privados. Em Luanda, a coisa é extremamente pior. É daquelas coisas em que somos remetidos para um estágio de completa ansiedade.
Grande filas, muito tempo perdido, arrogância de quem tem o dever de servir, ausência de respostas imediatas, mesmo para aqueles assuntos que por lei ou regra podem ser satisfeitos na hora, os procedimentos são sempre os mesmos.
Decidir tratar um documento, fazer um pagamento ou solicitar um serviço, é sempre um “Deus nos acuda”. Um nervosismo puro, com sofrimento a mistura por antecipação, que resulta do calculo  da taxa de esforço para obtenção do mínimo.
Os exemplos são vários: na grande maioria dos postos de atendimento público (BI, Passaporte e outros serviços administrativos), nos bancos, nas operadoras de TV, telefonia ou mesmo para um simples atendimento numa loja prestadora de algum serviço, a situação se repete.
No normal, num local com mais de 3 computadores de atendimento, está sempre uma pessoa a atender. Grandes filas se formam e a resposta habitual: é hora de troca de turno, os colegas estão a comer, o colega não veio, ou outras desculpas quase sempre supérfluas.
E o utente/cliente, desse quase que ninguém se lembra. Quase que ninguém está preocupado com as suas necessidades, se elas são urgentes ou não, ele que se “vire nos trinta”, “ele que vá para outra freguesia... Pois, o país está mal e por isso não se pode fazer exigências e ponto final...”
Entre as perdas ligadas aos custos de se ter acesso à serviços, destaca-se, por exemplo, o “custo de se ir ao banco”, muito bem estudado pelos economistas. Tal custo, incorpora o esforço de se ter acesso a qualquer serviço bancário, o que faz com que a taxa de bancarização se mantenha sempre baixa, tendo como implicações o desenvolvimento de outros sectores da economia.                       
As consequências vão se somando, desde o tempo perdido, a pouca motivação para a busca de soluções formais e com isso vem, a micro corrupção, as burlas, o trafico de influência e todos outros males que deles podem resultar sem dó nem piedade.
O agravante se dá quando, o reflexo da falta de preocupação de quem decide ou faz gestão,  se transparece na ausência de um simples pedido de desculpa ou mesmo na activação de mecanismos de controlo para a redefinição de estratégias de melhoria dos serviços.
Ao se solicitar algum serviço, mais se sente que alguém nos está a fazer favor do que a vontade em querer cumprir, antes de tudo, com o seu dever de servir. Sendo que o lucro extraordinário está sempre em primeiro lugar.
Quando tentamos compreender tal fenómeno, percebemos facilmente que o erro está na forma como os serviços são formatados, a gestão corporativa é definida e os erros são estimulados com ausência de contrapartidas punitivas.
Muitas instituições, fazendo mal, prejudicando os seus principais clientes ou mesmo colocando a sua condição em risco, deixam de se preocupar por garantias extra mercadologicas que premeiam a incompetência, a má gestão e a ausência total de inovação e competitividade.
A preocupação não seria mais grave, se a burocracia, a corrupção e todos os outros elementos negativos estreitamente ligados ao mau atendimento público, não fossem considerados como sendo os principais entraves para a dinamização económica e social do país e, os principais indicadores de classificação para a precariedade do ambiente de negócios.
Qualquer estudo que aborda o “Ambiente de Negócio” no mercado em Angola, referencia que o mau atendimento público com toda as suas consequências nefastas, submete e compromete as dinâmicas de mercado dos empresários, investidores e gestores, beliscando fortemente os níveis de competitividade empresarial em Angola.
Numa altura de mudança política, repensar Angola, nos seus mais variados aspectos, pressupõe a atenção ao desafio da criação de infra-estruturas, mas também, ao exercício da desburocratização dos processos, a aposta na formação e capacitação dos recursos humanos, bem como, no fomento empresarial formatado na base da prestação do serviço de qualidade.
Quer para os serviços públicos, quer para as dinâmicas empresarias privadas, os empregos por simpatia, o clientelismos, e a contratação de trabalhadores sem qualificação profissional ou por mera simpatia, sempre comprometeram o alcance dos objectivos previamente definidos.
Perder mais de duas horas numa fila para pagar um serviço ou comprar um bem, ter que depender de actos de corrupção para a realização e satisfação de uma necessidade por inerência do trafico de influencia, não pode deixar descansados qualquer gestor que se preze.
Precisamos reformular a nossa forma de encarar o mercado. É Preciso que se quebre o mito de que o país já não muda, de que isso é mesmo assim e que não precisamos mudar porque sempre foi assim.
Para a nossa realidade, a necessidade transcende a simples postura adequada, a rapidez, a flexibilidade, cordialidade e, sobretudo, qualidade no trato com o público. A qualidade do atendimento ao público apresenta-se como um desafio institucional.
Para tal, as reformas institucionais e o cumprimento dos pressupostos das avaliações institucionais iniciais, de acompanhamento e de impacto farão da administração pública mais dinâmica e dos operadores do mercado mais livres e competentes.
As instituições e empresas prestadoras de serviços, precisam entender que, ao oferecerem esta opção, estarão a contribuir para um país melhor, para a garantia da sustentabilidade dos seus negócios e para um melhor desempenho do papel social pelo qual foram criados.
Desta feita, o País merece… e nós agradecemos! 

  PAIDEIA: DO CAOS À SIMPLIFICAÇÃO DO CONHECIMENTO A justificação veio dos principais gestores de alguns bancos da nossa praça, segundo ...