“Grandes espíritos sempre encontraram violenta oposição de mentes medíocres. A mente medíocre é incapaz de compreender o homem que se recusa a se curvar cegamente aos preconceitos convencionais e escolhe expressar suas opiniões com coragem e honestidade. “ - Albert Einstein
sexta-feira, 28 de abril de 2017
segunda-feira, 24 de abril de 2017
QUANDO O SABER GERA O DESESPERO E A FRUSTRAÇÃO...
Quando revisito a
minha infância e relembro o meu passado, particularmente dos professores que
intervieram no ciclo de ensino e aprendizagem básico, apodera-se de mim o sentimento
nostálgico trazido pela lembrança de um fim que, com rara excepções, acabava
por abraçar uma grande maioria dos
homens do giz de então: o alcoolismo.
Antigos professores,
pessoas com elevada capacidade pedagógica de exposição do pensamento, que vinham
para sala de aulas, sem qualquer material de apoio, ensinar química, biologia
ou mesmo matemática com uma clareza de arrepiar... causando sempre admiração,
pela forma sistematizada como apresentavam os conteúdos.
Tal como eles, num
olhar atento ao nosso passado e presente, identificamos com muita facilidade o
quanto diferentes cidadão deste país, nas distintas profissões e actividades, dedicam-se
na constante busca pelo melhor conhecimento e habilidades, na esperança de
contribuírem pra a construção do “sonho Angola... um país bom para se viver”, veem
todo o seu entusiasmo esfumar-se na
contradição entre o seu saber e a incapacidade de influenciar a vida para o
melhor.
Os desabafos surgem e
com alguma frequência ouvimos: ... cansei! Outros, num soar de desespero
rebatem: “que utilidade tem o conhecimento se para nada valem”, ou ainda, “seria
melhor que não estudasse; seria melhor ser analfabeto... porque assim entenderia
menos o que se passa”.
E aí nos perguntamos:
que País é esse?
Que país é esse que remete
o seu povo a tamanha encruzilhada em que o caminho para o “desespero” é mais
facilmente acessível do que o caminho da “esperança”?
Que país é esse que
consegue matar sonhos e aspirações de gente ao exemplo dos meus grandes
professores, que mais do que uma aspiração materialista, sonharam sempre com a
realização de um “ambiente bom para se viver”?
A preocupação é maior quando olhamos
para frente e os “ecos que nos soam” não anunciam a possibilidade de uma
mutação concreta dos paradigmas actuais, onde nos deparamos com a falta de
vergonha em enaltecer o errado em detrimento do certo e quando nos envaidecemos
pela devassidão das nossas atitude carregadas de uma intelectualidade inócua.
Quando saímos pela rua e vemos nos
olhos do nosso próximo o “grito de socorro”, o “grito do anseio pelo que é
certo”, buscamos compreender o que realmente se passa com a nossa condição humana,
em particular com o nosso poder político e económico, que se propôs claramente
na busca do melhor e mais fiel modelo estratégico de “acumulação selvagem de
capital”, infectado por
tamanha insensibilidade, coberta de elevadas jactâncias que submete a sociedade
a grotesca pobreza?!
Como já um dia
questionamos aqui, no nosso “planadocentrismo”... como será possível perceber
que numa era de grandes avanços tecnológicos, onde as sociedades mais avançadas
já navegam por outras paragens do universo em busca de outros saberes, nós
temos dificuldades de encontrar soluções simples e sustentáveis para os problemas
sociais, económicos e até mesmo político com que nos deparamos no dia a dia;
Ou seja, enquanto anunciamos as nossas vaidades e nos
preocupamos com o melhor carro, o melhor relógio, a melhor atitude materialista
(vivida acima das nossas reais capacidades), a maioria das famílias que fazem
essa Angola, sofrem com a falta de energia e o acesso a água potável, com as águas
paradas, bairros cheios de mosquitos e sem o mínimo para sobreviver.
Os jovens com mente desocupada e pré-dispostos aos
males da vida estão expostos ao aumento dos níveis de consumo de droga, de
prostituição, de criminalidade e outros males típicos de sociedades com má
gestão e consequente subdesenvolvimento.
O que é pior, os nossos egos não nos permitem observar
tal situação.
Não pode ser! O poder político não
pode continuar preso na ganância e apetência exacerbada pelo materialismo, traindo
a intelectualidade e a consciencialização do cidadão e destruindo o sentido de
nação e desenvolvimento.
Quando chegam as chuvas, nossas desgraças vêm por
arrasto. Muitos têm de percorrer grandes distâncias a pé para garantir
continuidade do seu humilde emprego, outros têm de acordar para tirar água de
dentro de casa por falta de um sistema de saneamento funcional... tudo isso e
outros males resultam da inconsistência no exercício das politicas públicas.
Meus senhores, os cidadãos na sua humildade sabem
julgar. Por mais inoportuno que pareça, fazem observações constantes sobre o
dia a dia da sua comunidade, percebem o seu sofrimento e prospectam diferentes
soluções.
Blindar as imperfeições e erros graves, é admitir a possibilidade do
pensamento mesquinho, de que o
sofrimento dos seus cidadão os dá prazer, o que abre chances para se
perpetuar o mal e em consequência disso o agudizar das tenções sociais.
Tem que haver capacidade de se enfrentar a realidade,
sair-se da zona de conforto e arriscar-se a progredir. O imediatismo, as
agendas de curto prazo, o populismo e a falta de acções práticas, são o
apanágio dos insucessos constantes.
A busca por soluções sustentáveis,
deve ser também o resultado, de uma mudança de paradigma. Precisamos construir
uma sociedade diferente onde o mérito tem de ser mais estimulado, onde a
arrogância tem de ser substituída pela humildade e o discernimento tem de
substituir a ignorância pura do perfeccionismo.
Arrisquemo-nos a progredir...
O País merece e Nós agradecemos!
segunda-feira, 17 de abril de 2017
GESTÃO DAS CENTRALIDADES... “A HERESIA ENFADONHA”
Vista a lupa, a forma
como se vai fazendo a gestão dos novos projectos habitacionais construídos pelo
Estado, para garantia da melhoria da condição de vida de algumas famílias, essencialmente
em Luanda, é uma autêntica demonstração de incompetências, falta de rigor na
gestão do património público e um completo
desrespeito ao cidadão e as normas no âmbito do planeamento e gestão urbana.
Quem vive ou passa
pelas diferentes centralidades habitacionais ou mesmo pelos diferentes projectos
habitacionais que resultam de fundos públicos, apesar de zonas habitacionais
novas, muitas delas com menos de 10 anos de vida, é submetido a grandes atropelos das regras de
convivência, da gestão de resíduos e na prestação de outros serviços essenciais
que concorrem para o funcionamento sustentável das grandes cidades.
Numa total disputa
entre a falta de autoridade e o excessivo abuso do poder, estes espaços
habitacionais transformaram-se num verdadeiro caos, onde cada um, a sua
maneira, faz o que quiser e bem entender. Enquanto isso, assiste-se a um uso
indevido do poder de quem tem autoridade, que se resume no reboque de viaturas
e aplicação de multas.
Na
verdade, nas “barbas das autoridades”, a história vai se repetindo e os espaços
vão sofrendo transformações descabidas, numa clara projecção a futuros subúrbios,
ou seja, muito próximo da confusão e da loucura.
E a
questão que se coloca é: caminhamos para esse ponto de não retorno por mera
incompetência, por vaidade, por insuficiência de recurso ou por mera acomodação?
Mas então meus
senhores o que se passa connosco? O que se passa com a nossa forma de pensar?
Por que é difícil partirmos para acções que interessam a colectividade? Até
quando viveremos ao sabor do vento?
Se para a parte
“velha” da cidade de Luanda, a justificação que tem sido dada para os problemas
com saneamento básico, com a descaracterização e desordem estrutural e com a
total falta de mobilidade urbana, prende-se com o facto de “ter sido construída
para apenas 500 mil habitantes”. Para as novas centralidades, tais desculpas
não se aplicam, justo porque elas foram construídas na base dos padrões modernos,
sendo que o que lhes falta, apenas, é uma gestão profissional, competente e
acima de tudo visionária que traduzam, por via da criatividade, a “inteligência
racional”, a ordem, a tranquilidade e a lucidez.
Por exemplo, não
podemos continuar a fazer gestão da Urbanização Nova Vida, como se de um bairro
antigo se tratasse, o mesmo dizemos de todos os “zangos dessa vida”. Não
funciona, não interessa e é totalmente descabido observar, que um cidadão, por
ter o cargo público que tem, pode destruir, cortar, sujar, poluir e até
descaracterizar os espaços públicos porque manda e ninguém pode demandar sobre
ele responsabilidades.
Tão enfadonha é a
forma como são indicados e/ou promovidos os gestores das centralidades e novas
cidades, numa clara violação de princípios que norteiam a boa gestão, o bom
senso e a ética na convivência.
A gestão das cidades devem
estar para além da participação político-partidária dos cidadãos e da
conveniência de determinados ciclos de interesse.
Engana-se quem pensa
que está a a fazer um favor partidário, quando nomeia um gestor incompetente
para um cargo que exige saber e inteligência suficiente para a sua
efectividade.
É ainda triste observar,
que o conjunto de atitudes medonhas passam ao de cima, sem qualquer atenção ou
responsabilização e, enquanto isso, o património público vai se desgastando
como se não interessasse a ninguém a garantia de bem estar social dos cidadãos.
Sempre acreditei, que
com o surgimento das novas cidades e centralidades, ensaios sobre um possível
modelo de gestão urbana seriam feitos, onde, as cidades se tornariam
autossustentáveis e podiam servir de protótipo para os primeiros passos para a
descentralização e possível realização das autarquias.
Mais uma vez sentimos
que estamos enganados e que de uma ilusão se trata, quando acreditamos que seriamos
surpreendidos.
A necessidade do
progresso, de ideias novas, de novos modelos que inspiram o crescimento, exige
a adaptação e experiência do velho mas também, impõe que se retirem os maus
hábitos que podem pôr em causa a ordem.
É preciso acabar com
a desordem dos “zangos da vida”, é preciso acabar com a ideia de que “vale
tudo” quando de condições para os cidadãos mais pobres se trata. Não pudemos
continuar a alimentar as heresias de que se transformou a gestão das centralidade
habitacionais, onde, apesar de modernas, o cidadão tem os mesmo problemas que o
indivíduo que vive nos bairros periféricos de Luanda.
Partamos para um sistema de
governação mais hegemónico na tentativa da promoção do padrão de
desenvolvimento urbano. Não bastará as requalificações e nem um pouco a
construção de mais centralidades que pautem, simplesmente, por padrões
convencionais de planeamento e modernização dos espaços urbanos. É preciso sim,
que se prime por uma gestão criteriosa e responsável, que vele acima de tudo,
pelo interesse público.
Por tanto, assume-se urgente, aguçar
a nossa sensibilidade e transformar numa espécie de modernização combinada, as
valências humanas, o espírito jovem da grande maioria da população e a riqueza
ambiental que se nos oferece e fazermos das cidades, tal como fazem as outras sociedades, “protagonistas essenciais do
desenvolvimento”.
O País merece e nós agradecemos!
segunda-feira, 10 de abril de 2017
DO CAOS A COERÊNCIA...
Esta semana fomos
brindados com uma notícia, que mais tarde foi considerada falsa, que é de
“bradar aos céus”. O custo de construção do quartel general da EPAL, que numa
primeira fase foi divulgado como tendo
custado 700 milhões de dólares, “afinal custou apenas 7 milhões de dólares”, pelo
menos segundo informações tornadas públicas pelos seus gestores que fizeram tal
revelação em alto e bom tom, como que “Arquimedes exclamava Eureka ao desvendar
fenómenos matemáticos”.
Não seria tão grave, se
a pouco menos de um mês, na comemoração
do dia Mundial da água (22 de março), não tivéssemos sido presenteados por uma daquelas
estatísticas negativas em que, segundo um relatório publicado pela organização Water
Aid, “Angola, a quinta maior economia de África, é o país em que há menos
acesso a água limpa, ou seja, para 71,8% da população angolana, a água potável
é um luxo fora do seu alcance”.
A questão que se impõe
é: qual a utilidade politica, económica e social de se gastar 7 milhões de
dólares, em tempos de restrição orçamental, para a construção de um edifício
sede, que no nosso entender, salvo opinião contrária, não agrega valor efectivo
a administração técnica de distribuição de água ao cidadão?
Não existem, pelo menos
no leque de palavras que traduzem o melhor de todas as necessidades de
equilibro na gestão parcimoniosa, expressões adequadas para justificar tamanho
contrassenso, quando analisado o país como um todo: suas insuficiências e suas
limitações no atendimento das reais necessidades da população.
As necessidades que se prendem
com a grave carência de água potável, com a melhoria urgente do saneamento básico e com o combate
à todas as doenças que deles decorrem, não só não se compadecem com a construção
de mais um edifício ultra moderno, como também exigem uma maior acutilância
para que as metas dos objectivos de desenvolvimento sustentável sejam
alcançados.
Muitas vezes, ouvimos
gestores públicos a reclamarem sobre a ausência de recursos para satisfação eficiente
das necessidades dos seus sectores. Por exemplo, muitos são os bairros em que o
processo de ligações para a distribuição da água potável está interrompido por
falta de recursos financeiros e nós, por mera vaidade, estamos a gastar 7 milhões
de dólares para a construção de um conjunto de escritórios.
Sabemos
que o Governo angolano tem grandes desafios com a melhoria dos diferentes
indicadores que põem em risco a saúde dos angolanos e os submetem a constante
procura da assistência médica e medicamentosa, um custo que pode muito bem ser
evitado se os mecanismos de higiene e saneamento fossem mais consistentes.
Aliado a isso, está a limitação de recursos que se impõe, em face da baixa
reação do mercado externo ao nosso principal activo económico.
Deste
modo, a atribuição e caracterização desta
despesa como sendo “supérflua”, não é vazia. Ela resulta, acima de tudo, dos
efeitos nefastos que
sociedades como a nossa sofrem, por causa da vida devassa na irracionalização
dos recursos públicos e na inércia de quem tem o poder sobre as mãos, para
impor a ordem, colocando-se em causa a Justiça Social.
Está mais do que
provado que a melhoria da qualidade da despesa pública, principalmente em ano
eleitoral, impõe muito cuidado com os desequilíbrios que podem resultar de
decisões com cargas politicas muito populistas.
Uma melhor e efectiva
distribuição dos recursos existentes se exige, principalmente para salvaguarda
da dignidade da pessoa humana. Não pudemos gastar os humildes impostos dos
cidadão para criar conforto para alguns, quando os resultados imediatos das
suas funções são precários.
Até porque, nós
sabemos que uma boa parte dos edifícios públicos caros e luxuosos começam e
terminam ali mesmo, ou seja, os resultados práticos do exercício da actividade
pública se esmeram no luxo dos seus administradores e o caos imposto no seio
dos cidadão vai se perpetuando.
A gestão das politicas
públicas exige inteligência oportuna e frieza nos compromissos permanentes da
satisfação das necessidades dos cidadãos. E a gestão da água, tal como dizem os
princípios do desenvolvimento sustentável, “impõe um equilíbrio entre os imperativos
de sua protecção e as necessidades de ordem económica, sanitária e social”
Aquilo que pedimos aos
Órgãos da Administração Central e
Local do Estado, incluindo os Gestores de Empresas Públicas, é a observância rigorosa
dos critérios de gestão parcimoniosa em vigor, para que sejam asseguradas, cada
vez mais, a racional aplicação dos recursos públicos disponíveis, de forma a
permitir uma maior e melhor satisfação das necessidades do cidadão.
O País agradece e nós merecemos!
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Subscrever:
Mensagens (Atom)
PAIDEIA: DO CAOS À SIMPLIFICAÇÃO DO CONHECIMENTO A justificação veio dos principais gestores de alguns bancos da nossa praça, segundo ...
-
Um debate que se espera ser urgente e inclusivo se prende com a estratégia de uma maior exploração e maximização económica das infra‒estr...
-
CEGUEIRA MENTAL “O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui...
-
Nos tempos modernos, com crivo essencialmente para as economias menos desenvolvidas, existe um grande debate em torno da clareza dos limi...