Nos últimos tempos, fruto da
dinâmica política e social que o país tem vivido, quatro grupos de influência
de opinião têm se destacado nos diferentes espaços de discussão.
O primeiro grupo designaria por
EXCESSIVAMENTE OPTIMISTAS. Este grupo é constituído por aqueles que acreditam que
o país está a viver momentos de transformações sem precedentes.
Para este grupo, o novo modelo de
governação parece ser o certo e a nova agenda política poderá produzir efeitos
positivos imediatos para a vida das famílias angolanas.
Reconhece capacidade de ser e
habilidades no fazer do novo executivo. Entende que há um esforço em querer fazer
diferente e que por isso há diferenças abismais entre a forma de fazer do
anterior governo e a do actual.
O Grupo em causa encanta-se com a
aprovação de programas que sustentam políticas públicas, sugere ser desnecessária
qualquer crítica ao actual modelo de governação e não dá valor a qualquer
opinião contrária a sua forma de pensar.
Para o grupo que vimos referindo,
as nomeações e exonerações são necessárias e os sinais positivos com a quebra
de paradigmas na contratação pública, na delegação de responsabilidades e nos
critérios de pagamentos, são indícios bastantes para o combate a corrupção.
Sente que os problemas sociais
como a falta de medicamentos, crianças fora do sistema de ensino e ausência de
protecção social às famílias desfavorecidas, resultam de falhas de governação
passada e que, por isso, JLO não pode ser responsabilizado.
Vota cegamente nas cores
partidárias e presta pouca atenção ao compromisso político dos seus partidos
com a sociedade e nem abre espaço para observações negativas nas atitudes das
lideranças partidárias.
O segundo grupo, é aquele em que ouso
designar como o dos EXCESSIVAMENTE PESSIMISTAS. Para este, tudo não passa de um
teatro político carregado de muito marketing.
Não acredita que com o mesmo
partido e, com as mesmas pessoas, depois de 16 anos de paz e em tempos de
“vacas gordas”, surja mais alguma coisa de novo.
Para este grupo, os rituais são
os mesmos e a probabilidade de mudança se matem cada vez mais distante, já que
o “novo executivo” serve-se da experiência de actores do executivo anterior,
que na sua opinião, são os principais culpados da desgraça que o país está a
viver.
O grupo em causa sente um certo
conformismo da parte dos decisores públicos em dar continuidade aos erros do
passado, gerando política difíceis de serem executadas e sem indicadores
mensuráveis e claros de monitoria e fiscalização.
Para o grupo dos excessivamente
pessimistas, sem que se accione verdadeiros mecanismos de combate à corrupção,
para que e os verdadeiros culpados desta desgraça sejam punidos,
qualquer discurso político não passaria de mera intenção.
Para o grupo que vimos referindo,
tudo de mal que acontece nos últimos tempos, decorre da passividade de JlO e do
seu elenco.
Enfim, este grupo não é capaz de
observar algum belo feito, já que apenas apresenta críticas fundamentadas e não
acredita no partido no poder, para o qual a solução está na oposição, já que do
poder só se espera fraudes, corrupção, nepotismo e teatro político.
O terceiro grupo, dos RESILIENTES,
é caracterizado por angolanos altruístas, estes que ao mesmo tempo que vão
cultivando um certo optimismo, na expectativa de que alguma coisa vai melhorando,
também vão, com alguma cautela, despertando para alguns sinais de alerta para
erros cometidos;
Para este grupo a capacidade de lidar com os problemas que a todos
afligem, depende da frontalidade com que os mesmos são discutidos, e da forma
como as estratégias são montadas para se
vencer os obstáculos e da não cedência perante as pressões políticas, seja qual
for a situação.
O grupo em causa não acredita no modelo de exonerações e nomeações...
mas percebe facilmente, os grandes conflitos políticos a volta das mesmas e,
para o mesmo, JLO e sua
equipa de governação precisam de começar a materializar as reformas que se
impõem, chamando a si a responsabilidade para o efeito, assumindo, por isso, os
sacrifícios inerentes e marcar, desta forma, a história de Angola.
Assim, este grupo observa Angola
com optimismo, como um país que tem tudo para dar certo, mas que, para isso,
precisa de olhar para dentro de si e encontrar as soluções dos seus principais
problemas, por via da inclusão do cidadão, em todo o seu processo de
reformas.
Têm uma vontade forte de participar do processo de construção
democrática do país, mas não querem ser “bajuladores” e acham que o sucesso
deve ser conquistado pelo mérito próprio.
É constituído por profissionais com esmero, que cumprem com o seu
papel no local em que estão inseridos, mas estão cada vez mais desesperados com
a falta de esperança por não vislumbrarem a luz no fundo do túnel.
Nos sonhos deste grupo, Angola
tem tudo para dar certo, mas precisa de pessoas certas nos lugares certos. Por
isso, não acredita na partidarização das mentes, nem olha com bons olhos a
partidarização de todos os assuntos que deveriam unir os angolanos;
Só por isso, continua a apregoar
o sentido da participação de todos num modelo de governação participativa e
integradora.
Por último, temos o quarto grupo,
o dos APROVEITADORES, que é constituído, essencialmente, por gente astuta, que
aprendeu a tirar proveito da fraqueza do sistema de governação que imperou até
a bem pouco tempo.
Muitos dos que o integram acumularam
riquezas ilícitas e, por isso, estão totalmente insatisfeitos com as mudanças
mínimas que vão ocorrendo fruto da dinâmica governativa dos últimos tempos.
Na sua forma de pensar, esse
grupo acredita ter cumprido com o seu papel e que foi natural o processo de acumulação
selvagem de capital.
Grande parte da vida dos
integrantes deste grupo é feita fora de Angola e o seu património foi
construído para servir os seus interesses na manipulação dos processos
públicos.
Como tal, este é um grupo de
pressão, que com isso vai alimentando o ego dos “PESSIMISTAS”, chantageia os
“OPTIMISTAS” e desmoraliza os “RESILIENTES”.
Em suma, o grupo que estamos a
referir sabe que a melhor forma de influenciar e impor as suas agendas é
persuadir os pessimistas a se revoltarem contra tudo e todos para que continue
a tirar proveito da situação de desordem instalada.
É o principal gerador de “fake
news” porque diverte-se, facilmente, com notícias falsas que fortificam o
pessimismo de alguns e desmoralizam o optimismo de outros.
Este é o nosso país, o país que
nos viu nascer com nossas falhas e acertos. Quem se propõe a governa-lo tem de
ter a hombridade de aceita-lo como é: com sua adversidade cultural e todas as
suas crenças.
Uma nação
precisa nascer estoica e morrer epicurista, quando com maturidade procura
entender o que de melhor quer para os seus cidadãos.
Fazer o País
dinâmico e competitivo, apesar de diferente, passa por se definir uma
estratégia pró-activa que permita, com mérito, estabelecer um pacto social onde
o interesse comum permite eliminar qualquer tragédia que comprometa a
construção de uma sociedade boa para se viver.
Aperfeiçoemos
com zelo e rigor as nossas práticas… Porque o País é nosso e nós merecemos!