A
análise transversal que resulta dos primeiros dias de “Campanha Eleitoral”
aponta, dado o sentido crítico apurado dos cidadão em relação aos conteúdos e
suas abordagens diferenciadas, que os políticos serão exigidos, ao longo do
período de campanha, a melhoria constante das suas capacidades e habilidades.
A
observação sobre o percurso político de diferentes realidades sociais, grandes
personalidades se destacam pela eloquência na forma como abordam os diferentes
assuntos políticos, económicos e sociais.
Na
actualidade, destaques podem ser referenciados a exemplo de Obama, não só no
período da sua campanha, mas também no exercício das suas funções como Presidente dos EUA,
sempre procurou, por via dos seus discursos, contagiar e influenciar
pensamentos.
Para
a nossa realidade, “chavões” como “O mais importante é resolver o problema do
povo”, “Primeiro angola e o angolano sempre” e “Só
não erra quem não trabalha”, marcam diferentes épocas de grandes
discursos, com seus méritos e adaptações ao contexto.
A
parte mais “divertida” da argumentação política em tempo de eleições é a troca
de “galhardetes”. Não tem grandes custos com o pensar, bastará ter a capacidade
para listar uma série de aspectos negativos e o discurso está feito.
Cada
uma das listas candidatas as eleições de 2017 com os seus rótulos vai sofrendo
com o desgaste político a sua maneira, cada dia uma história mais triste do que
a outra. Algumas críticas são bem fundamentadas e reflectem claramente a
realidade passada ou presente da nossa história.
No
entanto, o mais importante, no meio disso tudo é que enquanto se vai animando o
espectro político com esses miminhos e troca de recadinhos, a praça eleitoral
vai sendo contagiada e de forma indirecta se vai mobilizando a participação
emocional dos cidadãos.
Bastará
observar que as dinâmicas sociais modernas exigem um pouco mais dos políticos,
exigem uma adaptação constante à crescente maturidade política do eleitorado,
pelo que uma concentração excessiva num discurso crítico, ou pior, cheio de
promessas, parece-nos mais fastidioso e pouco categórico.
Como
tudo na vida, a perda de tempo é chata, justo porque a recuperação do mesmo é
quase impossível, com isso, a leitura mais profunda e necessária que produziria
ideias mais concertadas e sustentáveis vai sendo adiada e com isso o tempo para
a renovação social vai se esvanecendo.
Hoje,
por hoje, os cidadãos angolanos vão dando provas de uma consciência mais activa
e a percepção dos seus problemas com uma visão holística das causas e efeitos
também são notáveis, logo, mais do que um discurso político cheio de lamúrias, exigem
propostas concretas que traduzam soluções possíveis.
O
País ganha com políticos comprometidos com as causas da pátria. Políticos que
pensam país e não se resumem na constância da vaidade dos cargos e benesses
inerentes às responsabilidades que assumem.
Não
bastará conhecer a realidade é necessário transforma-la. É necessário
influenciar politicas transformadoras que de certa forma nos remeterão no médio
e longo prazo para o desenvolvimento que se espera.
Outrossim,
a necessidade de se envolver cada vez mais os jovens no processo, primeiro por
representarem a grande maioria da população eleitora, segundo porque são
perspicazes no cumprimento das orientações políticas, obriga aos políticos o
uso da palavra cuidada.
Há
claramente uma necessidade de se convencer os indecisos, o que impõe de certa
forma a saída da mesmice... Ao que temos percebido até aqui, há poucas
novidades já que muitas vezes terminamos o discurso com a sensação de que não
agregamos valor nenhum.
De
forma transversal, percebe-se nas entrelinhas que o país precisa de reformas
profundas e pouco simpáticas que se traduzem acima de tudo num modelo de
governação mais participativo;
O
país precisa combater a corrupção e diminuir com urgência o protagonismo do
estado na economia e com isso permitir a sã concorrência no mercado nacional.
Uma aposta necessária que apenas será concretizada com pessoas sérias e
comprometidas.
Tal
desiderato tem de impor aos políticos com pretensão ao poder, maior profundidade
nos seus pronunciamentos, estudos detalhados sobre a nossa realidade, até para
que as propostas tenham alguma razão de ser e sejam reais.
Por
exemplo, em pleno desequilíbrio estrutural da nossa economia prometer 1.000.000
de empregos, quando o “partido da situação”, que conhece a grande realidade do
país promete 500.000 empregos, não só se revela uma aventura eleitoral de
“bradar aos céus”, como também se traduz numa autêntica ausência de experiência
política.
Por
isso augura-se discursos melhores, uma justiça aos nossos ouvidos e uma
necessidade que os diferentes partidos políticos têm, se comparada a estrutura
política com que concorrem para obtenção do poder.
Entende-se
estar-se no começo de um processo que se pretende aguerrido e super competitivo...
O principal desejo é que a ética e o civismo prevaleçam durante a campanha para
que o fim útil seja a deposição de mais uma pedra nesta grande construção sustentável
do nosso jovem Estado democrático de Direito.
Desta
feita, o País merece… e nós agradecemos!