Não faço parte do
grupo dos pessimistas.
Não me conformo com a
ideia de que “não recai sobre mim a responsabilidade de mudança pró-desenvolvimentista
do país”... nem me convence a ideia segundo a qual, de nada vale qualquer
tentativa de se pensar positivo. Mas também não sou ingénuo…
As incertezas são
inerentes à vida. Sabemos que por maior que seja o desejo em encarar a vida com
optimismo, o aguçar da nossa sensibilidade com o passado, cultiva em nós fortes
influências cépticas e resistentes ao comprometimento com o futuro.
Neste sentido, como
não duvidar da capacidade de “fazer diferente” se, por muitos anos, marcou-se a
vida do país com ausência de uma “agenda comum” e com posturas assustadoras de trocas
de favores, “amiguismo” e sem o mínimo de respeito pelo sentimento e anseios da
grande maioria dos angolanos?
Fazendo mal, a seu
jeito e sem o mínimo de clareza nos procedimentos, as organizações tiveram
sucessos aparentes, as pessoas se tornaram ricas e famosas e “impérios” foram
construídos... quem me garante que o futuro será diferente?
A dor é maior, quando
observamos que os vectores para mudança, ou mesmo os agentes com capacidade
para promover a mudança, concorrem facilmente para as agendas de curto prazo e
para práticas completamente fora do que é tecnicamente aconselhável.
Por exemplo, uma das
primeiras linhas que os manifestos eleitorais dos diferentes partidos políticos
deveriam trazer, é a promessa e a definição de uma estratégia de como se vai
eliminar o fosso entre o que se diz e o que se faz.
Uma característica
quase que comum para a determinação de um país subdesenvolvido decorre de uma
total falta de consideração pelos seus cidadãos e de uma quase que total incapacidade
dos políticos de influenciar mudanças de paradigmas.
Tudo porque na
generalidade, os políticos estão mais preocupados com o interesse das
organizações que representam do que com a listagem dos grandes problemas
sociais e económicos a serem resolvidos.
Determinada corrente
defende que tal comportamento decorre do facto de que apesar do patrimônio
público pertencer aos cidadãos desse país, o governo não depende diretamente
dos impostos pagos pelos cidadãos, mas sim da exploração directa dos recursos naturais
ou mesmo de financiamentos externos.
O clamor por uma
sociedade mais justa persiste, deixando clara a necessidade de se engendrar um
conjunto acções de diminuição do hiato entre ricos cada vez mais ricos e pobres
cada vez mais pobres.
Não interessam
discursos, pior um pouco palavras escritas num manifesto. Urgente mesmo serão
acções e isso vai acontecer quando entre o desejo de quem quer governar e a sua
capacidade de respeitar os governados haja algum equilíbrio.
Minha compreensão
baseada nos sinais de mudança da mentalidade política da generalidade dos
angolanos, permite-me afirmar que as exigências do povo angolano pelo melhor é
cada vez mais acentuada e, com isso, o estado de espírito de saturação;
Sinceramente, com o
devido respeito aos grandes optimistas desta pátria, não acredito na ladainha
de que os angolanos são excessivamente conformados.
Acredito sim, que seria
uma má leitura, interpretar o grau de sensibilidade dos cidadão hoje, com base
em indicadores do passado... Penso que a transição política que vivemos,
transporta consigo o lançamento de sinais de “cobranças” pouco pacíficas no
futuro... não importando quem venha a governar!
O optimismo do
cidadão, do empresário e de outros actores comprometidos com a construção de um
“país bom para se viver”, não se conquista com decretos e nem com a concentração,
numa sala, de um grupo de “iluminados” que pensa e decide o que é melhor para o
país;
No primeiro dia útil
seguinte às eleições, os angolanos como um todo, precisarão arregaçar as mangas
e pôr as mãos ao trabalho. Mas, até lá, será preciso dar sinais de que dessa vez,
facilmente se traduzirão as ideias agradáveis para a prática!
Promessas fazem parte
do cliché dos políticos, por isso, fazer diferente é uma opção que se impõe…
Pensar em primeiro lugar PÁTRIA, pensar NAÇÃO e esquecer por definitivo apenas
PARTIDO e PODER... enaltecerá a filosofia de quem vai governar.
A “reza não se ensina
aos padres” mas, a certeza de que acima das promessas eleitorais, precisamos o
cumprimento “obrigatório” do dever, faz-se ingrediente infalível para a
garantia de expectativas positivas, não podendo, por essa razão, ser ignorado.
O país merece… e nós
agradecemos!
Sem comentários:
Enviar um comentário